Perto de dez mil pessoas foram até o parque de exposições Ney Braga para prestigiar Gilberto Gil e Frejat. Gil não vinha a Londrina há mais de 20 anos. "Nos anos 70 e 80 eu vinha quase todo ano. Estou feliz por voltar aqui e poder mostrar o reggae", contou Gil na coletiva realizada algumas horas antes do show. No palco o músico não parecia ter completado 60 anos em junho. Pulou, dançou, brincou com o público. "Segredo é não ter segredo. Viver intensamente cada momento. Ter um diálogo constante com o público. São muitos anos, muitas variações", disse.
"As pessoas são destinadas a ser qualquer coisa na vida. Meu destino é esse, sempre me dediquei a música com muito gosto, com muito esforço. Tudo isso propicia longevidade", conta o maestro, que não precisou ouvir muito o retorno na passagem de som para dar dicas preciosas ao operador da mesa. São nessas horas que podemos perceber melhor os músicos de verdade. É claro que o show vale muito, mas para quem conhece dez mil pessoas não são quase nada.
O público delirou ao som do reggae, e das canções do CD "Kaya N’gan Daya", um tributo ao maior nome do reggae mundial, Bob Marley. "É uma homenagem ao músico, as letras, ao compositor. Bob Marley é o autor mais importante da história do reggae, mas não é só para ele. É para todos os fãs dele também. Recuperei o ritmo das baterias, mas acrescentei uma sonoridade brasileira do berimbau, do acordeão", conta.
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No palco Gilberto Gil tocou o "samba mais famoso do Brasil", como ele mesmo disse, em ritmo de reggae "Garota de Ipanema". "Meu primeiro contato com o reggae foi em Londres, no início da década de 70. Morava num reduto jamaicano e algumas pessoas tocavam por ali. Quando voltei para o Brasil vim a conhecer Jimmy Clif e Bob Marley. Fiquei apaixonado pela originalidade do ritmo", lembra.
É difícil explicar a euforia e o sentimento que o ritmo provoca nos fãs. A adrenalina sobe, ainda mais quando Gilberto Gil bate palmas e pede para ser acompanhado. Ele talvez saiba definir esta sensação. "Reggae é uma música que inspira. Ela não é compacta. É como se tivessem várias janelas", diz o compositor. Gil ainda não sabe qual vai ser o seu próximo trabalho, mas idéias não faltam para um músico que lançou cinco discos nos últimos dois anos. "Tenho seis ou sete músicas inéditas, mas depois de mais de 40 anos de carreira não tenho preocupação em fazer regravações. Posso pirar e fazer qualquer coisa".
Foram perto de duas horas de show, e apesar do vento frio o público queria mais, mais Gilberto Gil. Ele se escondeu no próprio palco e depois voltou para um bis. Cantou mais algumas músicas, parecia também gostar do show. Não demorou muito e foi a vez de Frejat assumir uma platéia sedenta por música, por dançar, por se esquentar. Na maior parte da apresentação o músico se dedicou mostrar o primeiro disco solo, "Amor Pra Recomeçar", mas não faltaram antigos sucessos do Barão Vermelho e uma pequena homenagem a Jimi Hendrix.
"É um disco de um artista pop, que transita dentro de um universo amoroso, mas não é de maneira nenhuma melosa. Busquei uma sonoridade diferente que me representasse como um cantor de pop/rock. O disco me representa bem", disse Frejat na coletiva realizada horas antes do show. Ele também adiantou que no próximo ano deve gravar outro disco solo, e que em 2004 o Barão Vermelho grava um disco, e depois sai em turnê pelo país.
Frejat também falou de sua participação no grupo de trabalho que estuda a criação da lei de numeração das obras para combater a pirataria. "Precisamos melhorar a relação dos autores com as gravadoras e com as editoras. A transparência no número de CD’s vendidos é uma busca antiga dos músicos. O mais importante é que estamos conseguindo um diálogo muito bom com as gravadoras", analisa.
Para Frejat, hoje os investimentos são menores por causa da pirataria. "A indústria demorou para tomar uma atitude. Todo mundo pode copiar um CD. Isso desprotegeu as gravadoras", acredita. De volta ao show, o Frejat romântico conseguiu mais uma vez comprovar porque é considerado um dos maiores cantores e compositores do pop/rock brasileiro.
Assim como no show deGilberto Gil com "Kaya N’gan Daya", o público londrinense também recebeu bem o novo show de Frejat, "Amor Pra Recomeçar", mas devido ao frio muitas pessoas foram embora antes da apresentação acabar. Faltaram holofotes para os grupos londrinenses que se apresentaram na mega festa.