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O samba dos pinheirais

Rodrigo Juste Duarte
26 fev 2004 às 17:25

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Mãe Orminda e Leninha: damas do samba do paraná - Divulgação
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Com o objetivo de valorizar o samba paranaense, e também de lhe prestar uma homenagem, o Cimples SambaEChoro reserva esta sexta e sábado, 23 e 24 de janeiro, apenas para a apresentações de sambistas do estado - muitos deles representantes da Velha Guarda do Samba de Curitiba. Na sexta-feira, dia 23 de janeiro, estarão se apresentando os cantores Ivete, Leninha e Gogó de Ouro, acompanhados pelos instrumentistas Aloísio (violão), Didi do Cavaco, Maguinho (percussão), Binho (surdo) e Maé da Cuíca. No dia seguinte, as cantoras são Marlene Meira e Mãe Orminda, que mostram suas belas vozes acompanhadas pela mesma escalação de músicos do dia anterior, mas com algumas alterações: o violonista Joãozinho entra no lugar de Aloísio. Serão acrescentados, ainda, Cuca (pandeiro) e Alaor da Flauta. Os demais músicos serão mantidos.

Um pouco de história sobre estes sambistas
Com toda certeza, o músico mais importante para o samba de Curitiba é Maé da Cuíca, tanto que ele já recebeu o título de "Cidadão Samba do Paraná para a Eternidade". Por volta de 1946, Maé da Cuíca (apelido de Ismael Cordeiro) foi um dos fundadores da Escola de Samba Colorado, a primeira de Curitiba, e também fez parte do primeiro grupo de samba da cidade, o Partido Alto Colorado, em 1966. Do grupo também fazia parte seu filho Binho (na época, com 12 anos), que também estará tocando no Cimples neste final de semana tocando surdo, instrumento que sempre o acompanhou. Maé também integrou os grupos Maé Samba Show e Maé & Seus Batuqueiros, foi por 36 anos campeão de bateria nos desfiles de escolas de samba em Curitiba e tocou samba na abertura do Teatro Guaíra. Este ano, Maé está sendo homenageado pelo Cimples, bar em que tocou com freqüência nos últimos anos.

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Mãe Orminda começou a cantar com 12 anos (hoje está com 58). Uma de suas principais escolas foi a Rádio Guaracá, onde cantava em diversos programas. Em 1977 formou o grupo Impacto 8, junto com Didi do Cavaco, até hoje seu principal parceiro na música. O grupo durou 12 anos e chegou a acompanhar a cantora Lecy Brandão. Mas com certeza o maior mérito na carreira de Mãe Orminda foi o de ser a primeira puxadora de samba do Brasil, quando saiu na avenida para puxar o samba enredo da escola de samba Dom Pedro II, em 1978, antes mesmo de Eliane, afilhada de Zeca Pagodinho, ter realizado a façanha pela Vai Vai, no começo dos anos 80. Mãe Orminda canta no Grupo Divina Luz, que se apresenta com freqüência em casas noturnas de Curitiba. Em seu repertório estão composições de Cartola, Monarco da Portela, João Nogueira, Nelson Cavaquinho, entre outros.

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Desde muito jovem, Marlene Meira sempre quis ser cantora, sonho que só se realizou na década de 80, após se separar do marido. Sua primeira apresentação foi no programa Mário Vendramel, cantando com Lallo, irmão do lendário músico Lápis. Para ganhar a vida como cantora, começou trabalhando em karaokes, ofício que não gostava muito. Só começou a se sentir realizada quando começou a se apresentar no Nilo Samba Choro, restaurante tradicionalíssimo do estilo em Curitiba. Apesar de ser professora aposentada da UFPR, ter 6 filhos e 9 netos, Marlene nunca perde seu "jeito louco de ser".

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Ivete Correa, uma autêntica diva da noite curitibana, começou há cerca de 30 anos, quando ainda tinha 18 de idade. Seu estilo predileto é o samba-canção (o antecessor da bossa nova). Tem fama de ser uma Alcione local, e entre suas interpretações, destacam-se as músicas de Clara Nunes.


Nascida Helena Correa, Leninha é hoje uma das poucas cantoras de choro da cidade. Ainda assim, canta diversos outros estilos da música brasileira. Começou a cantar em Telêmaco Borba, aos 13 anos, e veio para Curitiba aos 16, começando a ficar conhecida no circuito por intermédio do músico Cabelo (da dupla Tatata e Cabelo), que a apresentou ao meio artístico local. Leninha é bastante lembrada por suas interpretações de Elis Regina.

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Carioca, sambista e mecânico de automóveis, Gogó de Ouro veio para Curitiba há mais 20 anos fixar residência. É hoje um dos maiores batalhadores e divulgadores do samba na capital paranaense. Tem contabilizado mais de 1.200 sambas em seu repertorio. É um intérprete diferenciado e irreverente do Samba. Incansável, realiza diversos eventos anualmente, sempre reunindo sambistas novos e veteranos, muitas vezes gastando seus próprios recursos para realizar suas ações - tudo para que o samba não caia no esquecimento dos curitibanos. Mostra sua alegria cantando no Restaurante Nilo Samba e Choro, às sextas e sábados.


Didi do Cavaco é um artista que sempre teve a música como uma atividade paralela, mas há algum tempo tem se dedicado a ela quase que exclusivamente. A mudança ocorreu quando se juntou a amigos para organizar o grupo de choro Simplicidade. Em seu repertório estão músicas de Ernesto Nazaré, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Zequinha de Abreu, K-Ximbinho, Anacleto Medeiros, entre outros.

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Alaor da Flauta já foi um dos flautistas de maior fôlego no samba nacional. Era difícil encontrar músicos que o acompanhassem, pois Alaor quando entrava numa roda de samba, não parava de tocar facilmente. Nos últimos anos, foi vítima de sérios problemas de saúde, que o levaram a amputar as duas pernas. Alaor já não tem o mesmo fôlego de antigamente, mas mesmo na cadeira de rodas continua sendo um exímio flautista, trazendo muito ritmo e melodia aos espetáculos em que toca.



Serviço:
Cimples SambaEChoro

Endereço: Rodovia Praia de Leste/Pontal, km 3,5 - Balneário Guarapari (entre os balneários Santa Terezinha e Ipanema) - Pontal do Paraná - PR
Horário: 22h30
Ingresso: a confirmar
Telefones para informações: 229-2789 e 9186-0485


Programação:
Data: 23 de janeiro, sexta-feira

Cantores: Ivete, Leninha e Gogó de Ouro
Instrumentistas: Aloísio (violão), Didi do Cavaco, Maguinho (percussão), Binho (surdo) e Maé da Cuíca

Data: 24 de janeiro, sábado
Cantores: Marlene Meira e Mãe Orminda
Instrumentistas: Cuca (pandeiro), Joãozinho (violão), Didi do Cavaco, Maguinho (percussão), Binho (surdo), Maé da Cuíca e Alaor da Flauta


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