Os entusiastas e detratores da ópera não têm o hábito de digladiar suas divergências em público. Rara é a polêmica envolvendo tais oponentes, embora uns e outros passem a impressão de que apenas aguardam um bom motivo para desabafar seus argumentos com a intensidade dos mais dotados tenores e barítonos.
Os apreciadores a tratam como a mais completa das artes. Já os adversários costumam denegrí-la como uma ladainha insuportável executada por um bando de atores que esbravejam sem parar. A ópera parece repelir a indiferença. Há quem adore, há quem odeie. Em Londrina, não se formou um público para o gênero, que só alcançou o palco em montagens esporádicas e quase nunca integrais.
Não é o caso do espetáculo ‘La Liberazione Di Ruggiero dall’Isola di Alcina’, atração em cartaz nesta quinta, sexta e sábado no Teatro Ouro Verde. Inédita no Brasil, a montagem chega completa à platéia, com 1 hora de duração reunindo 16 músicos na orquestra, 7 solistas e um coro de 24 vozes.
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No primeiro dia, quinta-feira, será apresentada em dois horários: às 14 horas, exclusivamente para alunos da rede pública, e às 20 horas, para o público em geral. Na sexta, vai ao palco às 15 horas, e sábado às 20 horas.
A direção artística e musical é de Elimar Plínio Machado, que idealizou o espetáculo em parceria com Heloiza Castelo Branco. A ópera ‘La Liberazione di Ruggiero dall’Isola di Alcina’ foi composta em 1625 por Francesca Caccini, em Firenze, na Itália.
Conta a história da feiticeira Alcina, soberana de uma ilha, que seduz e transforma os visitantes que ali aportam. ‘A ópera foi encomendada pela Arquiduqueza da Áustria, Maria Madalena, para celebrar a visita do príncipe Wladislaw IV, da Polônia. A estória foi retirada dos cantos 6, 7 e 8 do livro ‘Orlando Furioso’, de Ludovico Ariosto (1474-1533), adaptada para a ópera pelo libretista Fernando Saracinelli’ – conta Machado.
‘La Liberazione....’ foi a primeira ópera italiana montada fora da Itália. Foi também a primeira produção do gênero apresentada por uma mulher. O diretor salienta que a peça surgiu num período de crise musical. ‘Os compositores da época sentiam a necessidade de trazer o texto ao centro do espetáculo. O canto é evidenciado e a polifonia de vozes é substituída por uma base harmônica simples – o baixo contínuo’ – explica.
A montagem londrinense arregimentou estudantes de música da Universidade Estadual de Londrina e integrantes de coros da cidade envolvendo cerca de 60 pessoas em torno do trabalho. Machado lembra que muitos dos participantes não gostavam de ópera: ‘Achavam-na chata, até começarem a se envolver no processo. Hoje eles se divertem e são os mais entusiasmados com a montagem’.
Ele acrescenta que o espetáculo poderá surpreender a platéia de hoje à tarde, dirigida para a garotada das escolas municipais e estaduais. ‘Se os professores forem sensíveis ao espetáculo, terão assunto para explorar durante um semestre inteiro’ – salienta. A montagem tem direção de canto de Marília Vargas, direção cênica de André Lima, cenografia de Gelson Amaral e figurino de Rosemeire Naomi Nagamatsu.
O elenco conta com Juliana Parra (‘Alcina’), Cristine Bello Grozzi (‘Melissa’), João Miguel Alub (‘Ruggiero’), Hugo Pieri (‘Netuno’ e ‘Pastor’) e Daniela Vega (‘Nunzia’ e ‘Sereia’). As damas de companhia são interpretadas por Andréia Schach Fey, Carla Cristina Nishimura e Juliana Satiko U. Muzilli. O patrocínio é do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).
Serviço:
Ópera ‘La Liberazione di Ruggiero Dall’Isola di Alcina’Local: Teatro Ouro Verde
Endereço: Rua Maranhão, 85
Datas: 28 a 30 de outubro, quinta a sábado
Horários: quinta às 14 horas (só para alunos da rede pública de ensino) e 20 horas. sexta às 15 horas. Sábado às 20 horas.
Ingressos: R$ 10 (estudantes, idosos e aposentados pagam meia-entrada)
Ponto de venda: bilheteria do Teatro Ouro Verde