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Os conceitos visuais utilizados por Jamie Hewlett em Tank Girl

Cláudio Yuge
02 out 2001 às 13:18

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Boa parte do sucesso de GorillaZ é creditado ao seu estilizado e bem trabalhado visual. Os personagens 2-D (vocais), Murdoc (baixo), Russel (bateria) e a japonesinha Noodle (guitarra) têm identidades bem construídas e os desenhos são bem chamativos. A linha econômica e dinâmica, juntamente com o cinismo e o humor negro da linguagem utilizada pelo ilustrador Jamie Hewlett, transformam a banda numa trupe singular. Mas para entender melhor o conceito de Hewlett para GorillaZ e sua ligação com a esfera musical, é preciso voltar alguns e anos e revisar sua criação máxima: a geniosa Tank Girl.

Em 1988, Jamie Hewlett e Alan Martin, dois talentosos artistas ingleses, queriam inventar uma personagem que fosse contra os politicamente corretos super-heróis. O mundo vivia uma crise de fertilidade criativa nos quadrinhos mainstream e apenas algumas obras traziam consistência e novidades, como Sandman (do também inglês Neil Gaiman). Então, num legítimo "papo de boteco", nascia uma garota cheia de atitude e que questionava todos os padrões e instituições da vida moderna. Como caracterizava a mídia especializada da época, Tank Girl era "algo entre Thelma e Louise, Mad Max e Action Man, com uma pitada da moda de Jean-Paul Gaultier". Tudo com influência do cenário pós-punk musical e da Guerra Fria, que chegava ao seu fim.

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A trama de Tank Girl gira em torno de Rebeca Buck, uma garota que vive num futuro apocalíptico, devastado por uma crise ambiental. A água é escassa e ela luta pela sobrevivência dentro de seu tanque, percorrendo os desertos da Austrália. Ela é independente, decidida, fuma, bebe, xinga, quebra a cara de marmanjos e é extremamente corajosa.

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Não demorou para os criadores da revista inglesa Deadline, Steve Dillon (famoso por seus traços em Hellblazer e Preacher) e Brett Ewins, encontrarem em Tank Girl a linha perfeita para o que queriam produzir: histórias alternativas, com teor adulto e que dificilmente seriam publicadas nas grandes editoras, como a Marvel e a DC Comics.

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O sucesso veio logo em seguida. Tank Girl, já ganhou, logo de início, uma legião de fãs. Principalmente por causa da quebra de valores explícita nas páginas de sua revista. A partir daí, a contragosto de seus criadores, a garota invadiu a moda, o comportamento e o mundo musical de seus leitores.


Grifes famosas passaram a explorar o visual "punk bad girl". A top model Sarah Stockbridge, juntamente com a estilista Vivienne Westwood, chegaram a se aproximar dos editores da Deadline para criar um vínculo de Tank Girl com suas criações. Várias capas de revistas fashion como "Elle", "Time Out", "Vogue" e "The Face" foram inspiradas nas histórias de Hewlett e Martin. Até mesmo as campanhas publicitárias dos jeans da Wrangler foram influenciados pela imagem anárquica da personagem.

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Ela começou a ser reproduzida em camisetas do movimento riot girl (protesto feminino sobre abusos cometidos contra a mulher) e chegou a ser o símbolo de vários manifestos contra o governo britânico da dama de ferro Margareth Thatcher, principalmente na questão conservadora inglesa a respeito do homossexualismo


Na música, Tank Girl virou cult entre várias bandas e compositores internacionais. Ramones, New Order, Teenage Fanclub, Curve, Blur, Fuzzbox, Bikini Kill e uma série de bandas brasileiras integradas (em sua maioria) por garotas, como Dominatrix e a londrinense Surface, fizeram referências à atitude de Rebecca Buck. Até mesmo atores e comediantes como Lenny Henry e Jonathon Rossa se renderam à garota.

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As histórias de Tank Girl foram publicadas em diversas partes do mundo, como Espanha, Itália, Alemanha, Argentina e Japão, inclusive em editoras de peso nos Estados Unidos, como a Dark Horse. No Brasil, a extinta revista Animal dedicava algumas páginas de sua revista para a personagem de Hewlett e Martin.


Porém, com o passar dos anos e o estrondoso sucesso de Tank Girl, a liberdade criativa de seus autores começou a ficar limitada. Além disso, Jamie Hewlett e Alan Martin eram pouco acessíveis e a imprensa taxava os artistas como "arrogantes e caipiras".

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Durante a pré-produção do filme de Tank Girl, em 1994, as histórias já perdiam o fôlego e a sociedade já havia mudado. Os novos leitores já não se identificavam com o discurso pós-punk da revista e o enfraquecimento da atitude punk na música (até então revivida por Kurt Cobain, no Nirvana, que viria a falecer em 1994) contribuíram para o fim das histórias de Tank Girl. Em 1997, quando o filme foi lançado, o público não era o mesmo e a adaptação não conseguiu transmitir os conceitos que transformaram de Tank Girl uma das personagens mais cultuadas nas histórias em quadrinhos modernas.


Foi aí que, a partir de 1998, Jamie Hewlett partiu para novos projetos e logo se aliou ao vocalista do Blur, Damon Albarn, para criar GorillaZ, a primeira banda cartoon da história.

>>>>Músicos, produtores e artistas gráficos dão vida à primeira banda cartoon da história. Leia a matéria


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