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'Os Justos' mostra o terrorismo segundo Camus

Karla Matida
14 mai 2004 às 17:25

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‘‘Os Justos’’: montagem que estréia hoje no festival ainda está em cartaz em São Paulo - Divulgação
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Quando surgiu, quatro anos e meio atrás, o grupo paulistano Ágora buscava se tornar um centro de desenvolvimento teatral. ''Agora nos tornamos um centro de estudos teatrais'', explica o diretor Roberto Lage, fundador do grupo ao lado do ator Celso Frateschi, atual secretário municipal de cultura de São Paulo.

O Ágora está em Londrina para apresentar nesta sexta e sábado, dias 13 e 14, na Usina Cultural o espetáculo ''Os Justos'', do franco-argelino Albert Camus.

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Ainda em cartaz em São Paulo a estréia aconteceu em outubro do ano passado , a montagem nasceu de discussões do grupo sobre o autor. Foram cinco meses de estudos, que culminaram com a vinda de especialistas da Suíça, Argentina, França e Estados Unidos, todos estudiosos da obra de Camus. ''Paralelamente a esse seminário, já demos início aos ensaios'', lembra Lage.

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Para o diretor, a escolha da peça ''Os Justos'' entre uma gama de outros textos, se dá pela pertinência com o momento atual. ''Levanta uma discussão ética significativa sobre meios e fins e sobre uma ação política, o terrorismo'', explica.

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História verídica acontecida no início do século XX na Rússia, a peça trata de um caso de terrorismo envolvendo o grão-duque e um grupo. ''Foi o último grupo de terrorismo individual, onde eles não se eximiam da culpa de terem cometido os atentados. Eles se achavam assassinos e que deveriam pagar com sua própria vida. Se não fossem enforcados pelo Estado, se enforcavam na cadeia'', conta Carlos Baldim, que vive um dos terroristas. ''Se ele se suicidasse antes de ir para a cadeia não satisfazia o grupo'', completa.


No que o autor chama de terrorismo de Estado, não há mais a culpa pelo que é feito. ''Camus coloca várias visões, não é maniqueísta. Coloca um lado, coloca outro e o julgamento é da platéia'', explica o diretor.

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Apesar de seguir o texto à risca, o Ágora optou pela atemporalidade, ''mas infelizmente muito atual por essa questão terrorista'', conta Lage. ''Suprimimos a Rússia e dizemos país, mas deixamos o grão-duque porque ele é uma figura emblemática do poder. Nem o figurino remete àquela época'', garante Lage.


''Usamos poucos elementos no palco porque nos baseamos na qualidade da interpretação dos atores'', avisa. Em São Paulo, a montagem segue em cartaz até junho, em teatro próprio (antigo Teatro Bexiga). ''O espaço da Usina Cultural é razoavelmente parecido com o nosso teatrinho, então o espetáculo não vai sofrer mudanças'', explica.


Serviço:
''Os Justos''

Grupo Ágora (SP).
Texto: Albert Camus.
Direção: Roberto Lage.
Assistência de direção: Juca Rodrigues.
Elenco: Isadora Ferrite, Paulo Barcellos, Maurício Inafre, Mario Tommaso, Carlos Baldim, Luciano Brandão, Tairone Cardoso, César Figueiredo e Cissa Carvalho Pinto.
Cenário: Rodrigo Paz.
Figurino: os atores.
Trilha sonora: Aline Meyer.
Assistente de trilha sonora: Rebello Alvarenga.
Iluminação: Paulo Barcellos e Juca Rodrigues.
Produção: Alexandre Brazil e Carla Estefam


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