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Pogoboll lança seu primeiro CD, "Peso, Sujeira, Groove e outras Viagens"

Rodrigo Juste Duarte
03 dez 2001 às 17:28

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Para a banda curitibana Pogoboll chegar ao seu primeiro CD o caminho foi mais complicado que um parto. O grupo surgiu em 1995, trazendo um rock pouco convencional acompanhado de sax, e chegou a ser considerada banda revelação daquele ano. Tempos depois, passou por mudanças de formação e foi escalada para ter seu disco lançado em 1998 por uma gravadora de porte. O fato não se concretizou, mesmo depois de longas e burocráticas negociações. A saída foi lançar um álbum de forma independente, através do selo Mais Records, três anos depois.

"Peso, Sujeira, Groove e outras Viagens" traz em seu nome uma boa descrição do que encontramos durante os 35 minutos de música feita por Bé (vocal e guitarra), Marco (baixo) e Nando (bateria). O Pogoboll, que já foi classificado como funk rock e funk metal, está mais rock do que nunca em seu primeiro disco. Apesar de haver uma notável quantidade de instrumento de sopro e baixos funk estalados por todo o disco, a atenção é desviada para os elementos de rock, acompanhados de uma boa dose de sujeira.

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A sujeira, aliás, é um mérito à parte. Uma característica comum nas gravações feitas em Curitiba é que o som sai sempre muito limpo. Pode parecer uma boa qualidade, mas nem sempre isso é bem vindo, pois muita música acaba soando como jingle de propaganda. Este CD conseguiu conciliar os dois universos, contando com elementos limpos (metais e bateria, em especial) e sujos (guitarras, alguns vocais e ruídos de fundo) sabiamente casados. Muito disso se deve ao toque de midas de Skowa (do extinto grupo Skowa & A Máfia), requisitado produtor paulista que acompanha o trio há anos - praticamente um padrinho. A produção contou ainda com Victor França, responsável por quatro das 14 músicas do disco, que foi gravado em dois estúdios de Curitiba e um de São Paulo.

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Os vocais são o ponto fraco do disco. Bé mostra uma voz limitada e monocórdica. Tanto quando berra, sussurra ou canta moderadamente, ela varia muito pouco, sem transmitir a emoção necessária - o que chamam por aí de punch ou feeling. Sem contar que em muitos momentos faz uso de gírias e entonações de malaco paulista ou carioca. Isto, convenhamos, não cola para Curitiba. Os melhores momentos do vocalista são nas músicas "Combustível" e "Carne Seca", que juntamente com "R.V." representam os melhores exemplos da mistura de que o grupo é capaz.

As músicas que têm mais chances de se tornarem populares são "Destino", "Aperta" e "Fumaça". Pelos nomes, pode-se imaginar referências à erva dita cuja. Sim, ela é citada em boa parte das letras, mas de uma forma sutil e não escancarada como vemos no Planet Hemp e Tihuana. O grupo não traz mensagens profundas, até porque o universo de seus integrantes é o adolescentes descompromissados. Porém, dominam uma técnica instrumental bem acima da média das bandas deste tipo. Difícil ver músicos novos tocando com tanta riquesa quanto eles.


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