É oportuna, e não oportunista, a chegada às lojas do novo disco de Natacha Atlas. Alheia a fenômenos televisivos brasileiros, que nesta temporada transformou a música do oriente médio e a dança do ventre em modismos de estação, a cantora belga volta a elevar a temperatura com sua mistura de sonoridade árabe e batidas eletrônicas.
‘Ayeshtem’ (Sum Records), seu quarto álbum, tem apelo de pista. As canções são encorpadas com violinos, violas, cellos, teclados e percussão pesada. As primeiras faixas são impactantes. ‘I Puta Spell On You’, blues de Screamin’ Jay Hawkins, recebe tratamento de choque embutindo scratches e vocais de apoio do The Mohandiseen Male.
Não fica atrás em reinvenção o clássico francês, ‘Ne Me Quitte Pas’, de Jacques Brel. No disco anterior, ‘Gedida’, ela já havia subvertido ‘Mon Amie la Rose’, da cantora Françoise Hardy. Na nova versão, Natacha contou com arranjos e produção do grupo londrino Transglobal Underground, do qual foi vocalista no início da década de 90.
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Em algumas faixas, o ouvinte é picado por uma vaga lembrança de Bjork, com quem ela divide a tarja de ‘exótica’. Foi a expressão usada por um apresentador brasileiro ao anunciar seu show no palco do Bourbon Street, em São Paulo, durante o Free Jazz Festival de 1997, quando foi uma das gratas revelações.
Nascida na Bélgica, Natacha Atlas foi contagiada pela cultura do Oriente Médio ainda criança, quando aprendeu árabe e dança do ventre morando no bairro marroquino de Bruxelas. Adolescente, mudou-se para Londres, onde começou a cantar música pop com letras em árabe, influenciada pela miscigenação musical do estilo rai.
Depois, passou pelos grupos Transglobal Underground e Mandanga até projetar-se em carreira-solo. Antes de ‘Ayashtem’, lançou os álbuns ‘Diáspora’ (1995), ‘Halim’ (1997) e ‘Gedida’ (1999). O novo trabalho reforça o viés dançante, que já vinha evoluindo desde que suas composições apareceram há 4 anos animando pistas em versões house e trance, lançadas por DJs europeus.