Não se assuste com o esquisitíssimo 'makin o'f com cara de documentário que está rolando no site YouTube a respeito do Moptop. A banda carioca, que acaba de lançar seu primeiro CD, desde que surgiu, continua imaculada no espaço indie brasileiro.
Em quase 15 minutos de filmagem, declarações e atitudes um tanto constrangedoras dos integrantes e, inclusive, do produtor do disco Chico Neves ganham tom verídico - o que não passava de uma postura anti-marketing. A banda está mais interessada em nadar na boa maré desse rápido 'feedback' do público e crítica especializada que acabou abrindo as portas da Universal Music.
Com doze faixas e alguns extras, Gabriel Marques (vocal, guitarra e letras), Rodrigo Curi (guitarra), Daniel Campos (contra-baixo) e Mário Mamede (bateria) iniciam um trabalho pautado em diversas influências do rock nacional e internacional, sem temer os inevitáveis rótulos. Strokes, Blondie, Clash, Cure, Ramones e o brasileiro Los Hermanos.
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Não é preciso ''fuçar'' referências; sejam na guitarra, no lirismo das letras e até no vocal de Gabriel, qualquer semelhança... Bem, um som agradável e 100% autoral vale a pena independente de coincidências. Veja os principais trechos que o baixista Daniel Campos concedeu a Folha2.
Vocês começaram na carreira musical sem a prentensão de gravar CDs, encarar turnês e shows, até que foram conquistando cada vez mais espaço. Fale um pouco sobre esse processo.
O Gabriel tinha voltado da Nova Zelândia com umas músicas novas - no caso, eu nem o conhecia ainda - e mostrou esse material para o Rodrigo Curi, que é o guitarrista. Os dois gostaram do resultado e decidiram montar uma banda. Eu estudei Desenho Industrial com o Rodrigo e me chamaram para tocar e também o Mário, que era amigo de um amigo nosso. Todos os integrantes da banda quando escutaram as músicas gostaram, foi amor à primeira vista. A partir daí a gente começou a desenvolver esse trabalho um pouco mais sério, com um mínimo de estrutura para mostrar às pessoas. O primeiro passo com relação a isso foi o site.
Ou seja, a internet foi fundamental para solidificar a carreira do grupo até o lançamento do primeiro CD.
É um negócio que na época não se fazia tanto, mas agora isso é mais comum, colocar as músicas para 'download' na Internet. A partir dessa aceitação a gente começou a batalhar para fazer shows. Gravamos um CD demo - na época o nome da banda era outro - com um repertório para gente conseguir fazer show, com metade do repertório em português e metade em inglês. Para quem não conhece ainda o disco, no site as pessoas podem escutar as nossas músicas, já que baixar é uma coisa mais complicada. Escute antes de comprar, hoje em dia ninguém mais compra disco sem antes escutar o conteúdo inteiro, então acho que nesse ponto a gente tem uma vantagem; para as pessoas que gostam de procurar músicas.
É quase inevitável não notar algumas semelhanças de alguns grupos quando a gente ouve Moptop. São bandas que fizeram - ou ainda fazem - parte das influências de vocês ou não?
Cara, as pessoas querem saber mesmo. É muito fácil chegar e citar um série de bandas antigas como nossas únicas referências. Não é verdade. A gente gosta muito de Clash, Ramones, mas a gente adora os Strokes, Franz Ferdinand, The Killers. Atualmente, com essa globalização da música, em uma semana você conhece várias bandas que conheceria em um ano. As músicas acabam tomando uma cara porque passam por um fluxo natural do que a banda curte como um todo. Isso acaba mostrando um caminho que muita gente rotula como um novo rock, alguma coisa de Los Hermanos...
Até a voz do Gabriel lembra bastante a voz do Rodrigo Amarante (Los Hermanos) em algumas faixas...
(risos) Pois é, mas o que o coitado pode fazer? Pelo menos são bandas que a gente curte, não temos medo de dizer isso, a gente escuta em casa. Essas bandas novas realmente emocionaram a gente quando surgiram, do mesmo jeito nos anos 90, muita gente que já estava desacretidado do novo rock voltou a comsumir a acreditar naquilo com mais vontade, prestando mais atenção. Acho que essa cena atual é um pouco do que rolou nos anos 90 com o grunge, é uma influência forte que nossa banda tem, mas acho que outras bandas que estão surgindo vão trilhar um caminho parecido. Rock'n roll é isso. O importante é que a gente faz um som que a gente curte e acha honesto.
Já estão em turnê para o lançamento do disco?
A gente tem mini-turnês: no Sul, Brasília, vamos tocar no Acre, Rondônia, mas pretendemos fazer o lançamento mesmo no ano que vem. Tem uma certa logística que a gente ainda não pegou esse time certinho. Nossos empresários são novos, os produtores também, então a gente está meio que aprendendo todo mundo junto. Mas pretendemos fazer uma turnê esperta nesse 2007 que está vindo aí.
E com respeito ao vídeo do YouTube que tem sido sendo bastante comentado?
(risos) Na verdade aquilo tudo foi uma grande brincadeira. A gente queria ter um negócio documentado, mas achamos que os 'makin of' atualmente são todos muito feitos, o cara fingindo que está tocando ali na hora. A gente resolveu brincar com essa história toda, mas também tem algumas coisas sérias no meio. Tem algumas pessoas que falam muito mal desse 'makin of' e outras que falam super bem. Tem gente que saca as brincadeiras logo de cara e outras não. O Chico (produtor) é um cara excelente, sempre foi amigo da banda desde o primeiro ano. As pessoas que vêem esses 'makin of' tradicionais acabam tendo uma idéia equivocada de como é feito o processo de gravação. Não é nada sério não, a gente se ama (risos).
Serviço:
Lançamento do CD Moptop, pela Universal Music. Preço Sugerido: R$ 28,00. Site: www.moptop.com.br