Em meio a uma trilha predominantemente bate-estaca, um oásis que misturou rock com música eletrônica. Assim funcionou a apresentação da banda britânica New Order, uma das principais atrações do Ultra Music Festival (UMF), realizado no último sábado (3), no Sambódromo do Anhembi. Pena que essa mesma apresentação, um respiro em meio a programações eletrônicas, loops e samples, não foi usufruída pelo público em toda sua potencialidade.
Primeiro porque o som estava ruim, a ponto de a voz do vocalista e guitarrista Bernard Sumner ficar abafada pelos instrumentos da banda. Quando Sumner conversava com o público - e ele conversou bastante -, era possível ouvi-lo com certa facilidade. Mas, na hora de cantar, o que se fazia mais audível era o tecladinho que virou marca registrada da banda, formada na década de 80, pelos rapazes de Manchester, remanescentes do Joy Division (que teve Sumner como um dos fundadores e que chegou ao fim após o suicídio de Ian Curtis).
O segundo problema foi que a banda fez um show curto, de 60 minutos cravados. Uma decepção para quem esperava uma apresentação parecida com o que o New Order fez em 2006, na Via Funchal, em São Paulo, em sua então segunda passagem pelo Brasil. Naquela ocasião, o som também não foi favorável a eles, mas o set list mais extenso - aumentando, consequentemente, o número de hits - e a empolgação da banda contribuíram para o status de bom show. Um banho de água fria também para os fãs que esperavam, ao menos, que o New Order fosse manter o repertório que vem apresentando em sua atual turnê, algo em torno de 15 músicas - e não 9 canções, como aconteceu no palco do UMF. Com essa redução no set list, ficaram de fora canções como a sempre aguardada "Love Will Tear us Apart", um clássico do Joy Division, eternizado por Ian Curtis e recorrente no repertório do New Order.
Leia mais:
Chico Buarque assina manifesto em defesa do padre Júlio, alvo de CPI
Men of the Year: Dr. JONES elege Péricles como homem atemporal em categoria inédita
Jonas Brothers anunciam único show em São Paulo em abril de 2024
Guinness confirma que Taylor Swift fez a turnê mais lucrativa da história
Sem o baixista Peter Hook - que está mais ocupado com sua carreira solo e em falar mal dos antigos companheiros -, Bernard Sumner, o baterista Stephen Morris, o guitarrista Phil Cunningham, a tecladista e guitarrista Gillian Gilbert, que está de volta ao grupo, e o novo baixista Tom Chapman subiram ao palco às 21h50, sob uma garoa fina. O mau tempo, aliás, fez Sumner lembrar de sua Manchester, na Inglaterra. "É um prazer estar de volta a São Paulo", disse o vocalista, simpático, para, em seguida, emendar "Crystal", tirada do sétimo álbum, "Get Ready".
Não faltaram sucessos como "Bizarre Love Triangle", "The Perfect Kiss" e "Blue Monday" - que, nesta turnê, tem sido reservada para o bis do show. Mas depois ficou claro por que o hit estava no meio do repertório. Às 22h50, a banda se despediu rapidamente. E o bis nunca veio.