O pioneiro da aviação, Alberto Santos-Dumont (1873-1932), é um personagem de mil e uma faces ainda desconhecidas do público. A peça ''Hangar 14'', que estréia nesta quinta-feira, dia 13, para convidados, e sábado para o público em geral, desvenda algumas delas ao longo de 55 minutos de espetáculo.
''Esse lado intimista dele é um grande diferencial de nosso trabalho em relação a produções recentes, surgidas a partir do centenário do primeiro vôo do 14 Bis, comemorado no ano passado'', diz Paulo Braz, ator e produtor da montagem. ''Hangar 14'' reconstitui a vida de Santos-Dumont, acentuando sua rica personalidade e todo o pano de fundo histórico que acompanhou sua trajetória.
À estréia para convidados, segue-se uma minitemporada para o público em geral com apresentações nos dias 15, 16, 19, 20, 21 e 22 de dezembro, na Casa de Cultura, sempre às 21 horas. A peça tem direção de Luiz Bertipaglia, supervisão geral de Nitis Jacon e texto de Paulo Briguet. Paulo Braz é o único ator em cena, protagonizando o aviador e um narrador que vai costurando os acontecimentos de época.
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É o segundo monólogo de sua carreira - o outro, ''Nas Alturas'', foi montado em 2005 e permanece em cartaz (recentemente foi apresentado no Festival de Teatro de Umuarama). Em ''Hangar 14'', Braz traz à tona tanto o perfil do sujeito de criatividade exuberante, que ditava modas em Paris, quanto o lado menos luminoso do homem depremido que sofria de esclerose múltipla e se angustiava com o destino bélico de seu invento.
''A peça destaca bastante os episódios históricos da passagem do século 19 para o século 20, um momento de grandes descobertas em que surgiram o cinema, o rádio, a lâmpada, os automóveis, a fotografia, o raio-x, os arranha-céus e os antibióticos. Todo esse contexto é relacionado com a vida do personagem retratado'', explica.
De acordo com biógrafos, a esclerose múltipla envelheceu a aparência de Santos-Dumont e o fez retirar-se do convívio social encerrando as atividades de sua oficina em 1910. A eclosão da Primeira Guerra Mundial radicalizaria suas tormentas ao utilizar aeroplanos em combates aéreos. Santos-Dumont viu, de uma hora para a outra, seu sonho se transformar em pesadelo.
O mesmo ocorreria em 1932, com a revolução constitucionalista, em que o Estado de São Paulo se levantou contra o governo de Getúlio Vargas. De nada adiantou lançar apelos para que não houvesse uma guerra entre brasileiros. No conflito, aviões atacaram o campo de Marte, em São Paulo, no dia 23 de julho. Nesse dia, Santos-Dumont pôs fim à vida, aproveitando-se da ausência de seu sobrinho. Tinha 59 anos de idade.
Segundo Braz, ''Hangar 14'' é detalhístico na elaboração de recursos cênicos, criados a quatro mãos por Amilton Cardosa, Yara Balboni e mais o ator e o diretor. A peça se passa no hangar onde o aviador guardava seus balões e depois suas aeronaves. A reprodução da oficina traz réplicas de objetos, hélices e de paredes móveis. ''Todo esse cenário, aliado à sonoplastia e à iluminação, são imprescindíveis para meu tabalho como intérprete. É nesse processo de construção cênica que atinjo momentos de maior emoção'', salienta.
A trilha sonora, que inclui fragmentos de peças do compositor Philip Glass, traz tema de autoria do músico londrinense Marco Scolari.
Serviço:
Espetáculo teatral ''Hangar 14''
Quando - estréia para convidados no dia 13 de dezembro, quinta-feira. Para o público geral nos dias 15, 16, 19, 20, 21 e 22
Horário: 21h
Local: Casa de Cultura
Endereço: R. Mato Grosso, 537 (Londrina - PR)
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes e terceira idade)