Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade

Tocar o quê para quem?

Murilo Gatti
20 jun 2002 às 17:28

Compartilhar notícia

siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Tocar covers ou músicas próprias? Os anseios, a conveniência, a satisfação pessoal, as oportunidades, dois caminhos totalmente diferentes, mas com um mesmo fim - o palco. Na maioria das bandas que aparecem em cartazes de grandes festas e shows em boates, o cover é o objetivo principal, e o som próprio, a consequência. Já em lugares mais alternativos e alguns poucos bares da cidade, o som próprio e a ideologia vêm em primeiro lugar, e o cover se torna um preenchimento.

Viver de música não é nada fácil. Na maioria dos casos os músicos traçam profissões paralelas durante o dia, mas são mesmo apaixonados pela noite, pelo palco, pelos ensaios, pelos momentos de criação. Muitos deles acabam aderindo a um velho ditado popular. "A gente ganha pouco mais se diverte", mas não pensam em abandonar a profissão.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Para animar o público, ou na tentativa, muitas vezes alheias, de passar mensagens e ideologias, os músicos levam a alegria por onde tocam. Numa tentativa mostrar um pouco mais deste universo da noite e da música, o Bonde conversou com músicos, produtores musicais e promotores de festas de Londrina para apresentar parte da relação que corre por trás da música própria, do cover e das releituras:

Leia mais:

Imagem de destaque
Apoio

Chico Buarque assina manifesto em defesa do padre Júlio, alvo de CPI

Imagem de destaque
Homem atemporal em 2023

Men of the Year: Dr. JONES elege Péricles como homem atemporal em categoria inédita

Imagem de destaque
The Tour em São Paulo

Jonas Brothers anunciam único show em São Paulo em abril de 2024

Imagem de destaque
The Eras Tour

Guinness confirma que Taylor Swift fez a turnê mais lucrativa da história



"Acredito que diferente do cover existe a releitura de músicas, que também envolve um processo de criação muito grande. O cover ‘igual’ se torna necessário para a banda conseguir ganhar um pouco de dinheiro e poder fazer um nome, aparecer. Mas, ao mesmo que é importante, também é ruim. É importante porque eu vivo disso, muitas casas noturnas só contratam bandas que tocam cover, mas eu quero poder criar o meu trabalho. O som próprio te traz uma satisfação maior."
Mizão, da banda Boneca de Pano

Publicidade


"Tocamos covers como uma forma de homenagem as bandas que crescemos ouvindo e continuamos ouvindo. Essas músicas se tornaram hinos para nós. Mas escolhemos tocar músicas próprias como forma de ideologia. É uma forma de podermos nos expressar. Acredito que a satisfação pessoal só vem com o som próprio. Não estamos preocupados em ganhar dinheiro. Por tocarmos hardcore, acredito que no Brasil nunca vamos ter um retorno financeiro. Temos uma ideologia punk antes de tudo, satisfação de tocar, conhecer pessoas novas, trocar informações. As pessoas acabam aceitando as coisas ruins que tocam na mídia. O nosso público é mais reduzido, mas temos um público fiel que vai aos nossos shows."
Fernando, da banda Overwhelm


"Tocamos Legião Urbana porque gostamos. Apesar de Renato Russo já ter morrido há alguns anos, as músicas continuam atuais e verdadeiras. Todos os shows que fazemos buscamos fazer as mesmas coisas que eles faziam e passar a mesma ideologia. Como Renato dizia: ‘Força sempre. O verdadeiro Legião Urbana são vocês’. Preferimos ver a galera agitar com o nosso som cover, do que tocar para as pessoas ficarem paradas só assistindo a um show de músicas próprias. Mas se você conseguir tocar composições suas com a alma, e ser reconhecido em sua cidade, é satisfatório. O problema é que a economia brasileira e a nossa cultura musical não ajudam. Talvez a região de Londrina também não ajude por estar afastada dos grandes centros. O som próprio também pode causar frustração quando o trabalho não vai adiante, e o reconhecimento da platéia nos shows e do público que ouve o seu disco, não correspondem."
Alexandre, da banda Legião Urbana Cover

Publicidade


"Não adianta levar uma banda que só toca músicas próprias para tocar numa festa. O público acaba não gostando da promoção. As pessoas gostam de cantar junto com a banda. Se você põe um grupo que só apresenta músicas próprias, as pessoas vão na festa mas acabam não dançando, ficam paradas, não entendem as músicas, e não curtem a promoção. Muitas vezes elas nem vão. Em termos financeiros é bem melhor colocar bandas que tocam músicas cover. É muito complicado colocar bandas que só tocam músicas próprias."
Luiz Gustavo "Pinguim", promotor de eventos


"Tocamos várias releituras em nosso repertório, além de quase sempre tocar seis músicas próprias nos shows. Vamos fazer mais quatro e até o fim do ano devemos começar a gravar o primeiro CD, que também vai contar com músicas de outras bandas londrinenses. Acredito que estamos com vários shows marcados e com um nome em Londrina pelas nossas releituras. Sempre procuramos tocar músicas que gostamos e acredito que coincidiu com o gosto do público. Várias bandas show não tem identidade, tocam todos os ritmos. Buscamos fazer música especialmente brasileira, que não fuja da identidade da banda."
Alysson, da banda Acústicos y Guerreiros

Publicidade


"Quando comecei há dez anos atrás, tocava cover dos anos 70. Tentei convencer a minha banda a começar produzir um trabalho próprio. A banda durou quatro anos. Sempre fui a favor das músicas próprias. Acho que quem só toca cover acaba requentando a marmita. Mas eu não posso chegar num show e tocar só minhas músicas. Também toco um som de várias pessoas que eu admiro e identifico. Dou muito mais valor a quem produz músicas próprias. No show se você tocar 18 músicas próprias e duas covers, e for um show diversificado, de qualidade, o público vai curtir. As pessoas não são obrigadas a ouvir as mesmas coisas, mas elas devem estar abertas a músicas novas."
Kiko Jozzolino, músico


"Tocar cover é bacana, as pessoas aprendem muito. Depende muito da mentalidade de cada músico. É legal, tem muita gente que ganha a vida assim. Eu quero fazer música, para mim é o único caminho. Não tem porque eu trabalhar como músico se não criar. É a minha opinião, e eu acredito no que faço. Quem mostra um trabalho próprio tem alguma coisa a dizer. Um problema é o público exigir que a banda toque sempre cover. Tem bandas que fazem música e conseguem abrir algum espaço. Acredito nessas pessoas, e é com elas que estou trabalhando na coletânea Pra Fora da Garagem. Mas tem bandas de cover que fazem releituras e criam uma outra música com qualidade. Incentivo as pessoas que tocam cover, mas se elas tem competência técnica para fazer isso, porque não fazem uma música própria?"
Henrique Bittencourt, músico e produtor do projeto "Pra Fora da Garagem"

"Acredito que para uma banda que toca músicas próprias atrair um bom público, o grupo tem que ser uma banda antiga na cidade e as músicas próprias sejam inseridas aos poucos no meio do repertório. O problema é que em Londrina a maioria do público quer escutar o que tocas nas rádios e na mídia nacional. Acho difícil uma banda fazer um som próprio na cidade e conseguir o reconhecimento do público com um CD gravado. Não compensa colocar uma ou duas bandas que tocam músicas próprias numa noite. O meu público não aceitaria. A casa gostaria de apoiar bandas novas, mas financeiramente não compensa. O público acaba não indo".
Flavinho, promotor de eventos


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo