No vácuo deixado pelo Curitiba Pop Festival, evento dedicado ao rock alternativo que desviou as atenções da mídia nacional para a capital paranaense, dois artistas relativamente novos e bastante promissores se apresentam em Curitiba nesta quarta-feira. Originários da Região Nordeste, Wado e Stela Campos, que bem que poderiam ter tocado no Curitiba Pop Festival, mostram as músicas de seus novos álbuns no palco do Era Só o Que Faltava nesta quarta-feira, 07 de maio. Cada artista toca por cerca de 50 minutos. A organização ainda não definiu a ordem em que eles irão se apresentar.
Ambos são músicos fora do eixo Rio-São Paulo que batalham no circuito alternativo da atual música brasileira, sem parentesco artístico nem filiações mafiosas. Seus últimos álbuns fazem parte do primeiro lote de seis CDs lançados pelo selo independente paulista Outros Discos, fundado por Maurício Bussab como alternativa à música inventiva que nasce fora da poderosa indústria fonográfica.
Wado, um catarinense que mudou-se para Alagoas ainda garoto, foi o responsável por dois álbums que figuraram nas listas de melhores da música brasileira nos últimos anos: "Manifesto da Música Periférica" (2000) e "Cinema Auditivo" (2002). Bastante talentoso, Wado conquistou uma sonoridade própria, que resgata influências do velho groove brasileiro - como Jorge Ben e Luiz Melodia - ao mesmo tempo em que valoriza o bom rock, o bom pop, a boa MPB e o bom samba. O resultado é um elo entre todos estes estilos, mas longe de soar como "misturéba".
Leia mais:
Chico Buarque assina manifesto em defesa do padre Júlio, alvo de CPI
Men of the Year: Dr. JONES elege Péricles como homem atemporal em categoria inédita
Jonas Brothers anunciam único show em São Paulo em abril de 2024
Guinness confirma que Taylor Swift fez a turnê mais lucrativa da história
Suas músicas são altamente dançáveis, e o ritmo produzido lembra estilos de música e de dança completamente díspares entre si, como samba, black music nacional e indie rock. Por falar em ritmos dançáveis, vale citar que Wado usa a eletrônica com sabedoria, economia e de forma sutil, sem descaramento, como é comum em muitas das últimas revelações da nova MPB. Muitas vezes as batidas até soam como se fossem orgânicas em vez de eletrônicas. As letras, na maioria das vezes tratam de amor, mesmo quando são mais panfletárias.
Assim como Wado, a cantora e compositora Stela Campos está longe de sua terra natal. Paulista de nascimento, ela mudou-se para Recife no começo dos anos 90, mas não sem antes produzir um trabalho musical consistente. Quando ainda morava na capital paulista, integrou o Funziona Senza Vapore, no qual era tecladista e vocalista, juntamente com três integrantes da antológica e cultuada banda Fellini: Cadão Volpato (voz e violão), Jair Marcos (guitarra e voz) e Ricardo Salvagni (baixo e programação).
O grupo gravou um álbum em 1992, que teve sua master perdida por cerca de uma década. Somente no ano passado ela foi encontrada no meio de várias fitas de vídeo de Cadão Volpato. Assim, o álbum finalmente pôde ser lançado - o selo responsável foi o Outros Discos.
Também já fez parte das bandas Lara Honouska (iniciada em São Paulo e depois reeditada em Recife) e 3 Hombres. Hoje mantém uma carreira solo, com dois álbuns na bagagem: "Céu de Brigadeiro" (1999) e "Fim de Semana" (2002). Enquanto o primeiro privilegiava as composições em inglês, o mais recente adotou o português como idioma oficial. Mas em um ponto os dois álbuns se mantém uniformes: a procura da fusão entre música brasileira e a moderna linguagem eletrônica. Juntamente com as batidas sintéticas são acrescentados arranjos para cello, trompete e baixo acústico.
Serviço:
Wado e Stela Campos
Local: Era só o que faltava
Endereço: Av. República Argentina, 1334 - Vila Izabel
Data: 07 de maio, quarta-feira
Horário: 22h
Ingressos: R$ 10
Telefone: (41) 342-0826