Extremamente criteriosa, quase chata: assim pode ser definida a postura do ator Selton Mello diante das suas escolhas de trabalho. Considerado um dos melhores atores da nova geração, Selton, 31 anos, orgulha-se da liberdade de expressão que conquistou ao longo da sua carreira de quase 20 anos.
''Conseguir ficar quatro anos sem fazer novela na Rede Globo garante um frescor ao meu trabalho. Gosto de poder fazer as minhas escolhas, mesmo quando são arriscadas'', destacou.
O ator começou a trabalhar, ainda criança, em comerciais para a televisão. A partir daí, o seu talento só conquistou mais espaço: TV, teatro, cinema. O ator ''passeia bem'', como costuma dizer, pelos três meios de expressão e afirma: ''o ator tem que ser versátil, tem que estar preparado para atuar nas três frentes''.
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Em Londrina, o ator apresenta de sexta a domingo a peça ''O Zelador'' do inglês Harold Pinter , em que estreou como produtor teatral, além de atuar. No palco, Selton divide a cena com os amigos Michel Bercovitch, que também é responsável pela direção, e Álvaro Diniz.
Com uma montagem simples, e cenário improvisado nas cidades onde a peça é apresentada, a encenação é realizada nos intervalos de outros trabalhos do ator. A estréia aconteceu em 1999, no Rio de Janeiro, e já foi assistida por mais de 50 mil pessoas.
''A peça é gostosa de fazer e a produção é simples, o que permite sua fácil viabilização'', disse. A turnê atual da peça inclui as cidades de Campinas (SP), Londrina, Curitiba (PR) e Campo Grande (MS).
Em junho, o ator volta a se dedicar ao cinema. Vai encarnar um policial federal no combate ao narcotráfico no filme ''Federal'', de Erik de Castro, que será filmado em Brasília (DF).
Em Londrina pela segunda vez, o ator disse que a escolha para apresentar a peça na cidade foi devido à excelente receptividade do público à sua segunda produção teatral, ''Zastroze'', realizada no ano passado. ''Foi impressionante o retorno do público londrinense'', comentou.
Na montagem ''O Zelador'', a temática é a solidão humana e a dificuldade de comunicação entre as pessoas. Em cena, os irmãos Aston (Michel Bercovitch) e Mick (Selton Mello) disputam o mesmo espaço lúgubre com o mendigo Davies (Álvaro Diniz), que é convidado por um dos irmãos a morar no local e trabalhar como zelador.
''A peça tem um humor inteligente, quase negro, e fala da luta pela sobrevivência. Mostra o quanto ninguém é insubstituível e permite várias leituras, principalmente pela ambiguidade dos personagens. Tem gente que se emociona, outros acham a história cruel ou engraçada'', destacou Selton Mello.
Na opinião do ator, apesar do texto ter sido escrito em 1960, a temática que trata está ainda mais atual. ''Hoje temos diversos meios de expressão, internet, pager, telefone...mas continuamos com uma forte tendência a nos isolarmos. Ainda temos grandes dificuldades para nos entendermos'', acrescentou.
Para Selton Mello, o ator é um contador de histórias, que, além de técnica, precisa transmitir verdade naquilo que faz. Como referência de padrão de qualidade, pontua os atores Paulo José e Marco Nanini.
Referindo-se ao maior temor do artista, que é o esquecimento, cita frase do ator Cary Grant que diz ''melhor sair de cena cinco minutos antes, deixando-os desejosos, do que sair de cena cinco minutos depois, deixando-os entediados''. ''O meu afastamento da televisão cria no público o desejo de ver os meus trabalhos. Não dependo do glamour da televisão e tenho uma relação saudável com o dinheiro'', ressaltou.
Serviço:
Espetáculo 'O Zelador', de Harold Pinter
Direção de Michel Bercovitch.
Produção de Selton Mello.
Com Selton Mello, Michel Bercovitch e Álvaro Diniz
Local: Teatro Ouro Verde
Datas e horários: sexta e amanhã (02 e 03 de abril), às 21 horas, e domingo (04 de abril), às 20h30
Ingressos: R$ 30,00 (meia-entrada para estudantes e aposentados). Pontos de venda: Bom Livro Megastore (Shopping Catuaí), La Fórmula (Av. Rio de Janeiro, 1700) e Hispano (Rua Piauí, 1423).