Curitiba - Eles foram a principal atração do Curitiba Rock Festival, na semana passada, vieram pela primeira vez para a América do Sul e fizeram uma apresentação inesquecível. Weezer, quarteto de Los Angeles formado por Rivers Cuomo (guitarra e vocal), Patrick Wilson (bateria), Brian Bell (guitarra e vocal) e Scott Shriner (baixo) deram uma entrevista coletiva poucas horas antes dos portões serem abertos. E aqui está o que eles disseram:
Essa é a primeira vez de vocês no Brasil. Como vocês se sentem em tocar pela primeira vez para a galera brasileira? E há algum setlist especial para brasileiros?
Rivers Cuomo: Não sei o que vai acontecer lá fora, não sei o que esperar. Sim, mudamos um pouco o setlist, colocamos mais uma música, do álbum ''Pinkerton'', porque ouvimos rumores de que nossos primeiros álbuns são mais populares por aqui. Não sabemos qual será, então você terá que ver.
Brian Bell: Eu estou bastante ansioso e contente por poder tocar no Brasil, demorou um tempo para virmos para a América do Sul, mas estamos aqui.
Scott Shriner: Também tenho bons amigos aqui, eles me levaram para comer churrasco, e também estou feliz por causa disso.
Ouvi dizer que a gravação do último álbum foi um pouco mais difícil, vocês podem falar um pouco mais sobre isso?
Brian: Que tipo de dificuldade?
Um álbum inteiro que havia sido gravado teria sido descartado... (diferente do ''Green Album'' (2001) para o ''Maladroit'' (2002), ''Make Believe'' (2005) demorou mais porque teve duas tentativas de gravação antes do lançamento. A primeira, descartada, não deixou Cuomo feliz com o resultado e o compositor entrou em crise criativa. Ele decidiu viajar um pouco, meditar e voltar a estudar para então reiniciar a gravação -- nota do repórter)
Pat Wilson: Demorou mais tempo. Tivemos algumas fases e músicas diferentes, não queríamos gravar as coisas pela metade, leva um pouco de tempo para terminar as coisas. É verdade, foi um pouco mais difícil que qualquer outro álbum, mas todos os álbuns são difíceis de gravar. Mas acho que no final ficou bom.
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Que problema ocorreu com Rick Rubin (produtor que já trabalhou com bandas como Flaming Lips e Red Hot Chilli Peppers -- nota do repórter) para que vocês co-produzissem o álbum?
Rivers: Não houve problemas. Quando terminamos o álbum, sentimos que trabalhamos um pouco mais do que pensávamos que iríamos quando começamos. Então pensamos que merecíamos um pouco mais de crédito. Não estamos creditados como ''co-produtores'' e sim como ''produção adicional por Weezer''. Significa algo mais mas não como co-produtores.
Brian: Também gostaríamos de dar créditos para o Chad Bamford, que é engenheiro de som e também co-produtor. Aliás, ele não é co-produtor. É um detalhe técnico mas é ''produção adicional de Weezer e Chad Bamford''. Nunca dissemos que nós ou Chad ''co-produzimos'' o álbum.
Quando vocês chamaram Rick Rubin, conhecido por ter trabalhado com bandas heavy metal, vocês procuraram por um caminho mais pesado e sombrio para o álbum?
Scott: Não acho que consideramos Rick Rubin como um ''produtor mais pesado e sombrio''. Procuramos aproveitar como ele trabalhou com outras bandas, como o Red Hot Chilli Peppers, em que ele deu uma ''limpada'' no trabalho e deixou as músicas mais pop e rock. Acho ele um bom produtor e ele realmente deu uma ''limpada'' antes do álbum ser lançado. Não acho que ficou ''mais sombrio'' com Rick Rubin.
Brian: Acho que ''Maladroit'' foi mais pesado e sombrio que ''Make Believe'' e fomos nós que produzimos. E como o Scott disse, tem a ver com a ''limpeza''.
Sobre o novo videoclipe, ''We Are All On Drugs'', tem letras polêmicas, como o nome da música (algo como ''Estamos Todos Drogados'' -- nota do repórter). O que está escrito nas letras acontece mesmo ou é algo apenas para se divertir?
Rivers: Nossas intenções são boas. Acho que é sobre tendências que vejo -falo por mim aqui- na sociedade moderna de consumo que tenta estimular-se com tevê, filmes, música ou relacionamentos. Ou sobre como tentam ''se drogar'' com algum tipo de experiência. É sobre isso que a música fala e sobre o que o vídeo fala também. Vemos essas pessoas pela cidade, totalmente fora de si, e acho que elas estão ''todas drogadas''. Não só quem se droga de verdade mas também sobre todas as pessoas que ''se drogam'' de alguma maneira.
Trabalhar com Rick Rubin quer dizer não ser mais uma ''banda indie'' (ou banda independente -- nota do repórter)?
Rivers: Weezer nunca quis ser ''banda indie''. Quando começamos, havia muitas bandas que eram assim, assinando com selos ''indie'', gravando em vinil, colocando seus adesivos pela cidade. Nunca ligamos pra isso. Sempre quisemos o sucesso desde o primeiro álbum. Assinamos com uma grande gravadora, fizemos um videoclipe e fizemos tudo que pudemos para ser uma banda pop. Essa sempre foi nossa intenção em cada álbum. Algumas vezes produzimos o álbum e falhamos nesse objetivo. Mas o objetivo sempre foi ser uma banda pop e acredito que Rick nos ajudou a alcançar esse objetivo.
Vocês sempre colocam músicas não presentes nos álbuns como singles, mas pela primeira vez vocês não fizeram isso. Existe uma razão particular para essa mudança?
Rivers: Acho que se temos uma boa gravação, temos que colocá-la no álbum. Não há uma razão em lançar as músicas em um nível maior ou menor. Se é boa o bastante para colocá-la num álbum, vamos colocá-la no álbum.
É verdade que vocês vão tocar um cover do The Killers hoje à noite?
Rivers: Não, mas queremos fazer covers hoje à noite.
Que banda, você pode dizer um pouco dessa banda sem dizer o nome?
Rivers: Você terá que ver. Hmmm... não, não posso desfazer o segredo, mas vocês vão gostar. (Mais tarde eles tocaram ''Big Me'', do Foo Fighters -- nota do repórter)
Que tipos de bandas vocês estão escutando? Apenas rock ou outro tipo de música?
Rivers: Apenas escuto bastante as da ''America's Top 40''.
Brian: Eu não conheço direito a música brasileira mas ouvi dizer coisas boas sobre a música brasileira. Comprei o novo do White Stripes, o novo do Gorillaz.
Scott: Gosto de ouvir músicas que acho bastante diferentes do que tocamos.
Como você se sente escrevendo sobre angústia adolescente tendo 30 e tantos anos e do fato de tantos adolescentes se identificarem com as letras? O próximo álbum também será assim?
Rivers: Espero que não. Estou tentando crescer (risos). Espero que faça coisas em uma perspectiva mais madura. Acho que o que pesa pra mim é que não tenho tido um relacionamento sério com uma mulher por um bom tempo (em entrevista à revista Rolling Stone, Rivers confessou que não faz sexo há dois anos -- nota do repórter). Todos esses caras (os companheiros de banda) tem parceiras sérias e eles podem cantar sob uma perspectiva mais madura. Mas em várias coisas sou uma pessoa muito imatura e tenho bastante coisa pra fazer para crescer.
E sobre os planos para o futuro, novo álbum...
Scott: Vamos terminar nossa turnê pelos Estados Unidos e alguns países fora, até dezembro, depois no final do ano o Rivers vai terminar seus estudos... Pat e Brian começam a trabalhar no novo álbum e quando Rivers terminar suas coisas ele se junta a nós.
Sobre seu processo de composição, Rivers, você é uma pessoa metódica?
Rivers: Não sei, acho que apenas improviso, mas... Costumo escrever uma série de músicas da mesma maneira, depois vou evoluindo devagar. Depois de cinco músicas, o set vai ficando um pouco diferente. Não sei ao certo como isso é ser metódico.
Avril Lavigne disse que não estuda mais porque diz que não precisa mais estudar. O que vocês acham disso?
Rivers: Não precisamos estudar, mas gostamos.
Pat: Ela é do Canadá. (Risos)
Como foi a experiência de gravar com Hugh Hefner (dono da Playboy) e as coelhinhas (o videoclipe da música ''Beverly Hills'' foi gravada na Mansão da Playboy -- nota do repórter) e se Beverly Hills é mesmo o lugar onde vocês gostariam de estar?
Pat: Sim, nos divertimos bastante gravando na Mansão da Playboy, Hugh foi muito legal com a gente. Foi bom estar com as garotas, os fãs compareceram e todos se deram surpreendentemente muito bem.
Rivers: Acho que para todos nós Beverly Hills significa algo entre o amor e o ódio. De muitas maneiras é muito atraente, parece ser divertido viver entre os ricos e essas coisas, com carros chiques, mas ao mesmo tempo representa valores superficiais e há coisas mais importantes para nós, como boas pessoas, nossa família... E por isso é uma coisa amor/ódio.
No videoclipe de ''Photograph'', Rivers aparece jogando futebol. Vocês gostam de futebol? O Brasil é o País do Futebol...
Rivers: Sim, sou um grande fã de futebol, especialmente de acompanhar o time nacional americano. Estive nas duas Copas do Mundo, na França e Coréia.
Você vai para a Alemanha?
Scott: Estivemos na Alemanha...
Pat: Ele quer dizer para a Copa...
Scott: (Risos)
Rivers: Ainda não decidi se vou ou não.
Vocês têm planos para gravar um álbum ''Ao Vivo'', durante a turnê?
Brian: Estamos discutindo sobre um DVD, estamos decidindo se vamos gravá-lo ou lançá-lo.
Desde os primeiros álbuns, várias bandas brasileiras têm tido o Weezer como uma grande influência, ou a principal influência. O que vocês acham sobre isso? Vocês conhecem a versão de ''Buddy Holly'' feita pela banda Bidê ou Balde?
Pat: Estou esperando pelo Sepultura (risos). Mas é muito confortante saber que as pessoas se importam com nossa música, acho ótimo.
Vocês planejam fazer um álbum acústico em breve?
Rivers: Não.
Brian: Mas pode acontecer, não sabemos do futuro, a gente nunca sabe.