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Camerata Antiqua em crise

Zeca Corrêa Leite - Folha do Paraná
28 jun 2001 às 10:48

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Um embate entre a direção da Fundação Cultural de Curitiba e simpatizantes da Camerata Antiqua ganha corpo a cada dia que passa, mas até agora a luta se dá num terreno que beira ao etéreo. A preocupação dos amigos da orquestra é de que haja um sucessivo esvaziamento, enquanto a direção da FCC afirma o contrário. Desse jogo de forças poderá surgir, em breve, a Associação dos Amigos da Camerata, com estatuto e tudo o que tem de direito.

O presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Cassio Chamecki, disse à Folha Dois que neste momento o que se procura é encontrar a medida mais eficaz para a administração da orquestra. Ele referia-se à exigência do Ministério Público que quer uma definição sobre a gestão do grupo.

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Durante muitos anos seus músicos assinaram contratos com a FCC por longos períodos, que poderiam caracterizar vínculos trabalhistas com o órgão. É preciso buscar medidas eficazes para dar continuidade ao destino do grupo que se tornou uma referência nacional, e Chamecki argumenta que é isso que a FCC está fazendo.

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Os oponentes se contrapõem a esta afirmação, mostrando que a situação entre os músicos é tensa, não há diálogo entre as partes, a agenda da Camerata está "sendo esvaziada pela Fundação Cultural de Curitiba" e o fim deverá ser a transformação do grupo numa Organização Social.

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Ou seja, aos poucos a orquestra deixaria de pertencer ao quadro do órgão municipal para ser comandada pela iniciativa privada. O processo seria o mesmo do rumoroso caso das creches municipais, que acabou não se concretizando pela pressão popular. Afirma-se ainda que o prefeito Cassio Taniguchi teria essa intenção com a Camerata desde seu primeiro mandato.


Difícil neste caso é encontrar quem fale pela futura Associação dos Amigos da Camerata. Disposição é que não falta para os amantes da orquestra - neste momento vários deles estão vendendo adesivos com a frase "SOS Camerata Antiqua de Curitiba", ao preço de R$ 1 real. Foram confeccionadas 2 mil unidades. Com a arrecadação das vendas será possível dar início ao caixa da instituição.

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Por seu lado Cassio Chamecki garante: "Só quero regulamentar uma situação que pode ser questionada futuramente". Ele também bate na tecla da modernização do grupo, que não pode viver exclusivamente da música antiga. Para isso conta com o trabalho do setor de Música e da própria Camerata.


A consultora de música, Janete Andrade, afirma que "é indiscutível a importância da Camerata, mas tem que haver equilíbrio. Não dá para ficar só no barroco; é saudável ao músico mudar o repertório, senão há um esgotamento". Entre outras propostas está a criação de um plano anual de apresentações com seus respectivos maestros, dando assim uma conotação de profissionalismo maior ao grupo.

O spalla-regente Atli Ellendersen fala das aspirações da Camerata: "A nossa esperança é de que possamos ter uma noção da temporada de 2001. Para isso, deve-se começar a trabalhar já. A gente não vive só do dinheiro, mas também de apresentações nos palcos". Ele acredita que a condução dada à orquestra "é para seu bem, confio nas ações de nossa consultora".


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