O escritor paulista Décio Pignatari, morador em Curitiba há dois anos, tem agora a brava missão de administrar uma crise literária dentro da Fundação Cultural de Curitiba. Nomeado há um mês como consultor da área de Literatura da instituição, ele ainda está em fase de "reconhecimento de terreno". O tempo foi suficiente, entretanto, para que Pignatari ficasse indignado. "Eu realmente não sei como é que a Fundação chegou a esta situação", declara.
Há problemas desde a estrutura física do local até questões conceituais. De qualquer forma, o escritor elogia o fato dos novos dirigentes terem dado um passo à frente das gestões anteriores e estarem, ao menos, tentando fazer algo para melhorar.
"Fui chamado para atender a uma área totalmente órfã, a Gata Borralheira da Fundação", declara. Em sua avaliação, o setor de Literatura é disparadamente o mais carente da casa. "É inexplicável que até hoje não haja na Fundação uma diretoria específica para este setor", reclama.
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Na quarta-feira, Pignatari esteve visitando as bibliotecas ligadas à Fundação e ficou desapontado. "A situação é péssima. Tão ruim que daria uma novela", comenta. Outra observação sua é quanto às instalações físicas da sede. "Quando chove, cai água sobre as mesas da diretoria e ninguém coloca um prego na parede sem pedir autorização especial de outra pessoa".
Ele diz que a burocracia é tanta que há vários espaços vazios no prédio e que ninguém sabe como ocupá-los. "Por alguma razão que eu não entendo, a Fundação está sucateada, não há planos de ação e as pessoas se perdem em miudezas", comenta.
Enquanto tenta driblar questões estruturais e burocráticas, Décio traça planos para oxigenas o setor literário. "É preciso que a palavra escrita ganhe força", resume. Suas principais metas são incrementar a área de pesquisa e criar mecanismos de comunicação direta com as universidades.
Ainda sem informações precisas sobre a verba com que poderá contar, o escritor informa que a princípio irá concentrar todas as suas energias no Perhapiness 2001, que será temático. "O evento, dedicado a vídeos e poemas e chamado de "Clipoemas", promoverá um concurso entre profissionais, com júri capacitado, além de debates", explica.
Durante os dois anos em que deverá ficar à frente do setor de Literatura da Fundação, Pignatari pretende executar planos ousados. "Minhas metas irão desde a criação de um site literário para consultas até a criação de um grande prêmio nacional para a palavra "bem" escrita", comenta ele.
Tal prêmio literário deverá ser uma espécie de "Pulitzer" brasileiro. "Mais do que um prêmio seria uma instituição, aberta inclusive ao jornalismo". A intenção principal é a de valorizar as críticas.
Entre outros projetos de Pignatari está também o lançamento de uma edição comentada do livro "Catatau" de Paulo Leminski. Ele espera ainda aproximar a Fundação das universidades, através de pesquisas realizadas por alunos, o que seria uma forma de possibilitar reflexões mais profundas.
A crise da Literatura, na opinião de Pignatari, não é exclusividade da Fundação Cultural de Curitiba. "É geral e ninguém dá a menor atenção a ela", critica. Os meios eletrônicos seriam os grandes responsáveis por esta crise.