O sucesso que a Imprensa Oficial vem conquistando ultimamente com lançamentos literários - tem uma lista de espera aguardando para os próximos dias a reimpressão de "Joaquim" e os diários de Temístocles de Linhares começam a chamar a atenção antes mesmo de sair das máquinas - poderia ser um traço marcante do seu perfil. Porém, na visão do diretor Miguel Sanches Neto, outro ponto importante deve ser perseguido - o da empresa influenciar decisivamente no mercado gráfico paranaense voltado à confecção de livros.
Apesar do Paraná ter-se firmado como referência nacional nas áreas de embalagens e revistas pela excelência de seu trabalho, ainda assim escorrega feio quando o assunto são os livros. O Estado não tem tradição nesse segmento e, atento a esse contraste, Sanches Neto afirma que "uma das coisas mais importantes para a gente é pensar o livro também aliado à indústria gráfica".
Para mexer nesse cenário medidas efetivas estão sendo tomadas, como o investimento de US$ 1 milhão - cerca de R$ 2 milhões - para a compra de equipamentos gráficos neste ano. Entre os materiais a serem adquiridos estão máquinas de costura, de cola voltadas à confecção de livros de melhor qualidade, "e se possível uma of-set mais sofisticada, para que a gente possa tornar ainda melhor nosso trabalho na área de impressão", segundo Sanches Neto.
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Para acompanhar a tecnologia foi firmado convênio com o Senai que mandou técnicos à Imprensa Oficial para reciclagem dos gráficos. Além de ensinar o pessoal a imprimir melhor, a equipe trabalhou na reforma de máquinas tidas como antiquadas. Desde o semestre passado alunos estão passando pela empresa através de cursos de auxiliar de rotativa, de impressor e bureau gráfico. "A gente quer ser um parceiro das gráficas, à medida que forma profissionais aqui dentro que irão ocupar o mercado lá fora quando saírem daqui", entende o diretor.
A busca de qualidade inclui também a compra de papéis especiais, o que vem sendo feito ultimamente. As tentativas mostram frutos, porém os degraus têm que ser galgados. "Não atingimos o patamar ideal, mas estamos chegando lá", anima-se o executivo. A questão não é unicamente material. "Há toda uma mudança de cultura, não só de maquinário. Essa mudança está sendo feita através da parceria com o Senai", aposta o diretor.
Com certeza o fato de Sanches Neto ser um humanista - escritor e poeta - faça com que ele não tome a Imprensa Oficial apenas como um local gerador de diários do governo, dentro de uma visão viciada e burocrática. Os parâmetros são outros, ampliam-se nos campos social e cultural, através da preparação de gráficos e da edição de obras onde o que vale é a qualidade e não o apelo mercadológico. Neto reconhece que a preocupação tradicional era unicamente a de imprimir os jornais oficiais. "Hoje estamos preocupados em fazer isso com qualidade", revela.
Suas máquinas produzem diariamente cerca de 20 mil exemplares do Diário Oficial Comércio e Indústria, Diário Oficial Executivo, Diário da Justiça e Atos do Município de Curitiba. A média é de 5 mil exemplares para cada título, mas quanto ao volume de páginas varia conforme a ocasião. O Diário Oficial da Justiça chegou a ter 1.100 páginas numa de suas edições.
No cenário de finanças anêmicas do governo, a Imprensa Oficial é quase uma miragem pelo desempenho de seu caixa. Sanches Neto afirma que este é o resultado de redução de despesas, de custos, e o dinheiro que está sendo aplicado para a modernização gráfica nnão tem "nenhum centavo" cedido pelo Estado. "Estamos gerando receita e essa receita revertendo para o maquinário, para a informatização, mas tudo com recurso próprio".
Argumenta o diretor que estes são "gastos justificáveis não só pela produção da Imprensa, mas pelo fato dela ser hoje uma empresa-escola e estar formando profissionais para o Paraná. É importante ter um parque gráfico atualizado porque vai formar profissionais atualizados".
O objetivo não é somente editar livros de qualidade, mas atuar como um centro onde haja formação de mão-de-obra que possa concorrer num mercado competitivo, como nas praças de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, onde a produção livreira é superior à paranaense. "Então não devemos pensar a Imprensa como uma gráfica, mas como uma escola, como uma empresa e como entidade cultural", insiste.