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JK em versão definitiva

Redação - Folha do Paraná
02 dez 2001 às 16:21

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O dramaturgo carioca Nelson Rodrigues afirmava que Juscelino Kubitschek foi o primeiro político a levar a gargalhada para a presidência da república. Um homem que destoava dos governantes brasileiros, aqueles que tinham "a rigidez de quem ouve o Hino Nacional, cada um se comportando como se fosse a estátua de si mesmo".

Amado e odiado, lembrado e esquecido, Kubitschek acaba de ganhar uma nova biografia, "JK - O Artista do Impossível" de autoria do jornalista carioca Claudio Bojunga. Lançada pela Editora Objetiva, a obra vem sendo apresentada como "a biografia definitiva" do político responsável pela industrialização do Brasil e pela construção de Brasília.

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Num livro extenso (800 páginas), a trajetória de Kubitscheck é apresentada de maneira detalhada conferindo destaque especial à sua história dentro da história do Brasil. Governando o país num período emblemático, após o Estado Novo de Getúlio Vargas e antes da ditadura militar, JK conseguiu arregimentar forças políticas que ficariam registradas na memória nacional.

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Claudio Bojunga, define esse período da seguinte maneira: ‘Depois do suicídio de Vargas, quando o país ficou órfão da figura temida do pai e o pessimismo histórico quis adotá-lo, a eleição de Juscelino Kubitschek livrou os brasileiros da neurose definitiva. A virada foi mostrar que era possível, no espaço de uma geração, forçar o Brasil a saltar sobre o abismo retórico que não conseguia engolir a realidade, situando-o no pelotão das nações que cresciam sem parar. A até então ordeira e cordeira classe média, confinada à burocracia estatal como meio de vida e conformada em ver o favor como destino, subitamente explodiu na revelação do consumo, tornando-se novomundista, móvel, arejada, voluntariosa, ousada, solar. Os brasileiros se identificaram com a audácia do novo presidente.’
‘JK - O Artista do Impossível’ é fruto de dez anos de pesquisa de Claudio Bojunga, um admirador declarado da figura de Juscelino e inconformado pelo ostracismo ao qual foi renegado dentro da história política brasileira. Narra, com dezenas de detalhes, desde sua infância no interior até as suposições de que o acidente de carro que o vitimou em 1976 tenha sido planejado pela forças de repressão do regime militar.
Kubitschek nasceu na cidade de Diamantina, Minas Gerais, num família humilde. Perdeu o pai quando tinha dois anos de idade. Cursou a faculdade de medicina em Belo Horizonte, onde tinha que dividir o tempo de estudos com o emprego noturno de telégrafo dos correios. Colega de turma de Pedro Nava, após se formar conseguiu uma especialização em urologia na França, onde residiu por um ano.
De volta ao Brasil entrou para alta sociedade mineira ao casar-se com Sarah, moça da tradicional família de Belo Horizonte. O jovem médico que nunca tinha pensado em política, passou rapidamente a viver num ambiente promissor. Iniciou sua carreira como prefeito, elegeu-se deputado e depois governador. Fazendo parte do grupo político de Getúlio Vargas foi eleito por voto direto para presidente em 1955, em plena Bossa Nova.
Em seu livro, Claudio Bojunga não entra em detalhes na vida privada de JK. Sua grande ênfase sobrecai na vida pública, desenhando um verdadeiro panorama da história do Brasil – e todos os conchavos políticos – dos anos 40, 50 e 60. Entre os episódios íntimos da vida de Juscelino, está seu caso amoroso extra-conjugal, mantido durante anos, com Lucia Maria Pedroso, 25 mais jovem que ele. Quando morreu, no rodovia entre São Paulo ao Rio de Janeiro, Kubitscheck sabia que estava com câncer sem esperanças de tratamento.
Um dos dados reforçados em ‘JK - O Artista do Impossível’ é o fato de que praticamente todos os discursos pronunciados por Juscelino foram escritos por grandes personalidades da literatura brasileira. A lista de poetas e escritores é grande, variando de acordo com a época. Entre eles constam Murilo Rubião, Autran Dourado, Josué Montello, Álvaro Lins, Augusto Frederico Schmidt, Cyro dos Anjos e Cristiano Martins.
•‘JK - O Artista do Impossível’, de Claudio Bojunga, Editora Objetiva, 800 páginas, R$ 53,90.


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