O 10º Festival de Teatro de Curitiba, que ocupará a cena entre 23 de março a 1º de abril, começa a ter seus contornos definidos. Os realizadores, porém, mantém-se discretos com o que virá por aí. Eles lembram ao pessoal da classe que está chegando ao fim o prazo para as inscrições ao Fringe, Mostra Infantil e Eventos Especiais. A data encerra dia 12 de janeiro. O resultado sobre a seleção de projetos será divulgado no dia 15.
Para inscrever-se nas categorias do 10º FTC (a quarta é a mostra oficial) é necessário o preenchimento de uma ficha que está disponível no site www.festivaldeteatro.com.br. Em seguida os projetos devem ser remetidos para a Calvin Entretenimento, Rua Júlio Perneta, 397, Cep 80.810-110, Curitiba, Paraná.
Neste ano o Fringe - mostra paralela de espetáculos que acontecem nos teatros e espaços alternativos - está tendo uma procura inusitada, inclusive com projetos vindos do exterior. Chegaram na sede da Calvin, empresa promotora do evento, mais de 300 propostas de montagens de todo o País, e de fora, especialmente de grupos da Argentina, Venezuela, Paraguai e Estados Unidos.
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"Por essa não esperávamos", surpreende-se Victor Aronis, um dos diretores da Calvin. "A única divulgação internacional que nós temos é através do site na Internet". Na última edição concorreram cerca de 150 projetos.
Contrário ao sucesso da mostra paralela estão os Eventos Especiais - é o de menor apelo junto a artistas, escritores, professores e demais interessados que poderiam participar da mostra lançando livros, filmes, realizando oficinas, exposições, etc.
Esta série vai ser "repensada", explicou Aronis. Como algumas atividades tiveram êxito e outras nem tanto, buscam-se no momento "outros tipos de eventos". Uma das novidades para 2001 poderá ser um festival gastronômico envolvendo os artistas. Literalmente a atenção sairia do palco para a cozinha, com nomes famosos mostrando seus dotes culinários.
A proposta não tem nada de performática - o que os empresários querem é fisgar uma parcela do público que tem mais interesse nas panelas do que nos debates sobre problemas da categoria, ou o caminho a ser tomado pela arte. "É uma possibilidade termos o festival gastronômico", aventa Aronis.
Também o teatro infantil está com boa procura por parte das companhias teatrais. O problema é que a Mostra Infantil, criada na sexta edição, em 1997, não vingou como era esperado. Depois de muitas críticas de que somente os adultos eram privilegiados, criou-se esse espaço, sem que houvesse retorno de público.
"Antes cobravam da gente montagens para as crianças. Agora que tem, poucos pais são os que trazem seus filhos. Com os debates aconteceu a mesma coisa: reclamam que querem isto, aquilo e quando oferecemos ninguém aparece". A constatação de Victor Aronis, embora de forma bem-humorada, revela a difícil equação entre realizadores e platéia. O imponderável está sempre presente.
Para driblar a realidade, talvez a saída seja mesmo associar a mostra infantil a colégios. É outra das idéias que poderão ser implantadas no próximo ano, objetivando salas cheias. Tradicionalmente as peças infantis são realizadas no Teatro Sesc da Esquina.
Está se cogitando ainda uma grade de espetáculos que permita aos grupos do Fringe permanecer em cartaz durante todo o período do festival. Desde sua criação, o prazo era de três dias. Com um calendário mais extenso haverá condições da crítica opinar sobre o que viu. A divulgação boca-a-boca também terá maior efeito, especialmente sobre as melhores montagens.
Victor Aronis faz um breve perfil do público que acompanha o FTC: há interesse das pessoas em assistir às peças, independente se o elenco traz nomes globais ou não. Percebe-se que existe uma vontade de "estar no teatro", e mesmo quando alguns cartazes foram cancelados, não houve devolução do dinheiro pelo ingresso pago. O público assiste à substituição.
Um dos maiores sucessos do último festival foi com um elenco desconhecido vindo do Nordeste com "A Máquina". As entradas foram disputadíssimas, a platéia vibrava a cada apresentação. Na grade "pré-definida" dos espetáculos da mostra oficial de 2001 devem constar peças com medalhões do teatro brasileiro, mas tudo ainda é segredo. "Virão nomes representativos, mas não é porque eles estão nas peças que se deu a seleção". É a única dica do que virá por aí.