O Museu Alfredo Andersen abre nesta terça-feira, dia 17, duas grandes exposições. A paulistana Eliana Borges, com "copyright" e a sueca Maria Heed, com "mano mani", cada uma com sua técnica e estilo, mostram seus trabalhos mais recentes. A obra de Eliana fica alojada no Anexo do Museu e a de Maria, no Salão do Acervo.
Eliana usa técnica mista em parafina, imagens fotográficas, impressões sobre tecido e objetos para expressar o que sente e percebe nos seres humanos em geral, de influências externas. "Faço da representação do que não há controle. De tudo que as pessoas passam na vida sem poder interferir", esclarece.
Usando o lírio branco como símbolo da pureza, e o preto, como a inversão total, Eliana retrata a ingenuidade e a espontaneidade perdendo-se na trajetória da vida, como recurso de sobrevivência.
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No trabalho intitulado "Biografia em 3 por 4", a vida da artista plástica está montada em uma sequência de sete imagens dela própria, impressas em tecido e presas em placas de parafina. Embaixo dessas imagens, sem cabelos, apenas com a expressão do rosto, estão saquinhos com fotos 3x4 desde os seis anos de idade até hoje. "No primeiro coloquei uma mecha de cabelos e no último, um passaporte que nunca usei e a minha carteira de trabalho". Nas imagens superiores, a face de Eliana vai sendo tomada por lírios negros. "Sei que esses trabalhos incomodam muito as pessoas, mas a vida é assim", reconhece.
Outro trabalho impressionante é o chamado "Humanos Demais", que faz referência a cemitérios, com 300 peças em parafina sobre tecido onde estão impressos os lírios negros. "Desta vez a inspiração veio das imagens do Timor Leste, das chacinas do Carandiru e da Candelária, de todas as guerras. Enfim, exponho situações que mudam a vida de milhares de pessoas, sem que elas tenham o comando".
Mais uma vez, os lírios aparecem na obra "nouveles THE fleurs SICK du Rose mal", inspirada nas poesias de Charles Boudelaire e de William Blake, misturando as linguas inglesa e francesa. Eliana dispôs as flores desidratadas em forma de grafismos que remetem à contagem dos dias numa prisão ou a cicatrizes. "Todos esses trabalhos promovem uma ampla discussão sobre as "coisas do mal", que não temos controle ao mesmo tempo que somos responsáveis. Para isso, uso muito material simbólico, branco borrado e sujo."
Dizendo ter uma alma medieval, a suéca Maria Heed trabalha com motivos de culturas de milhares de anos. Os dois quadros, "Parar tempo 1 e 2", são exemplos das inspirações tiradas de achados em túmulos de faraós no Egito.
A maior obra desta exposição é "mano mani", que consiste em 365 mãos em chapa, serradas uma a uma pela própria artista. "É uma lembrança e uma homenagem a um ano de trabalho na Itália", conta.
As tradições, a história e os símbolos são os fatores mais importantes para a artista plástica, auto-didata, encontrar uma nova forma de expressão. Os esboços são feitos através de estudos, conversas e observações para depois, resultar nos primeiros traços em papel. "Isso pode levar muitos anos", observa.
Em outubro do ano passado, Maria visitou o Brasil pela primeira vez. Seu encantamento foi tal que já está de volta.
Serviço: Exposições no Museu Alfredo Andersen, Rua Mateus Leme, 336. Eliana Borges, no Anexo do Museu, do dia 17, às 18h30, ao dia 18 de maio. Maria Heeed, no Salão do Acervo, do dia 17, às 19 horas, ao dia 19 de maio.