Um homem que moveu multidões e morreu sozinho, um cantor inteligente, que gravou 30 discos, 400 músicas e sucessos que marcaram gerações. Uma pessoa afetiva que casou cinco vezes, teve três filhas, mas não conseguiu conviver com todos em harmonia.
Esta "metamorfose ambulante" da vida de Raul Seixas é o tema do último 'Por Toda a Minha Vida de 2009', que a TV Globo nesta quinta, dia 3 de dezembro, após ‘A Grande Família’.
O especial traz imagens de arquivo, dramatização e depoimentos de pessoas que acompanharam de perto a carreira de Raul, como seu irmão Plínio, os cantores Jerry Adriani, Tom Zé e Marcelo Nova, os produtores musicais Marco Mazzola e Roberto Menescal, os jornalistas Tárik de Souza e Hérica Marmo e seu grande parceiro Paulo Coelho.
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Raul Seixas nasceu em Salvador e, ainda menino, descobriu suas paixões: a escrita e o rock. A influência americana em sua vida era enorme e ele adorava falar inglês e faltar aulas no colégio para assistir aos filmes do Elvis Presley.
Inspirado no ídolo, criou a banda "Relâmpagos do Rock", aos 17 anos, subindo ao palco com uma vitalidade que encantava os jovens e preocupava os pais. "As mães achavam que ele estava tendo um ataque de epilepsia e tentavam impedir as filhas de se aproximarem do palco", conta Marcelo Nova.
A família de Raul também era contra, mas teve de aprender a lidar com a ascendente carreira do cantor. Depois de "Relâmpagos do Rock" veio uma nova banda, "Os Panteras", e Raulzito, como também era chamado, fez shows pelo interior e cobrou os cachês mais altos de Salvador.
A decisão estava tomada: ele largou os estudos e focou na carreira. Só que o sucesso na Bahia não se repetiu no Rio de Janeiro. Pelo menos não tão rápido. Com a mulher Edith e "Os Panteras", passou as dificuldades de um artista iniciante e voltou para sua terra natal. "Ele ficou meio maluco porque cortou o principal objetivo da vida dele", lembra o irmão Plínio.
A época difícil começou a mudar quando Raul retornou à cidade maravilhosa, desta vez com emprego garantido como produtor na CBS. E foi assim, com terno e gravata, que convenceu Marco Mazzola a ouvi-lo cantar e mudou seu destino. "Você é o novo contratado da gravadora", disse Mazzola a um cantor incrédulo, depois de conversar com Roberto Menescal.
Antes de deixar o emprego como produtor de discos, o cantor também conheceu um de seus maiores parceiros: Paulo Coelho. Já em seu primeiro LP, assinava com ele cinco títulos e este era só o início de uma história de muitos sucessos que inclui canções como "Há 10 mil anos atrás" e "Sociedade Alternativa", esta última do álbum Gita, que lhe rendeu um disco de ouro após vender mais de 600 mil cópias.
Raul passou a se tornar uma referência, mas também a perder os limites. "Foi um homem de excessos", definiu o jornalista Tarik de Souza. E tais excessos mudaram sua trajetória. Festas, bebidas, viagens, romances, sofrimento.
Contraditoriamente, morreu cedo, aos 44 anos, e sozinho, em 21 de agosto de 1989. Seu enterro foi marcado pela presença de uma legião de fãs e amigos que quiseram prestar sua última homenagem ao "maluco beleza".