As irregularidades e suspeitas de corrupção no futebol mundial estão espalhadas por dezenas de federações nacionais, mesmo um ano depois do escândalo que levou à prisão mais de uma dezena de dirigentes em Zurique, na Suíça.
Neste sábado, a auditoria da Fifa anunciou que está impedindo a transferência de recursos para 23 federações nacionais por suspeitas de uso indevido de dinheiro ou falhas nos controles sobre os fluxos. Os auditores ainda alertam que cerca de 80 outras entidades estão sendo atualmente monitoradas por não seguir padrões mínimos de transparência ou contabilidade.
O levantamento revela a dimensão das irregularidades no futebol e que vão muito além dos cartolas detidos. Michael D'Hooge, um dos membros do Conselho da Fifa, confirmou à reportagem do jornal O Estado de S.Paulo a existência dessa lista de países que hoje estão com suas contas congeladas. Mas nem ele e nem a administração central da entidade aceitaram revelar os nomes dos envolvidos, sob a justificativa de que a meta é "ajudar" essas federações nacionais a passar por reformas.
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Mas a constatação é de que, de uma forma ampla, a administração do futebol mundial não cumpre requisitos básicos de transparência. No total, 211 federações nacionais fazem parte da "família Fifa". Mais de cem delas teriam algum tipo de problema.
Nesta semana, a CBF admitiu que, enquanto a situação de seu presidente, Marco Polo Del Nero, não for definida com a Justiça dos Estados Unidos, a Fifa não irá liberar os recursos avaliados em quase US$ 100 milhões. Na quinta-feira, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, não garantiu nem mesmo que o Brasil receba os recurso previstos para 2016, avaliados em US$ 1,5 milhão.
No ano passado, antes de deixar seu cargo, o ex-auditor da Fifa, Domenico Scala, admitiu em entrevista à reportagem que existia uma "cultura da corrupção" entre os dirigentes do futebol mundial e que esse seria o maior inimigo hoje da Fifa.
A entidade decidiu endurecer o controle do destino de dinheiro, especialmente diante do risco que ainda corre na Justiça norte-americana de ser declarada como "entidade criminosa". A Fifa, porém, quer provar que é vítima desses cartolas, e não a autora das ilegalidades.
O endurecimento ainda vem num momento em que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, anuncia que vai quadruplicar os recursos distribuídos aos cartolas de todo o mundo, para um total de US$ 4 bilhões.
Para ex-funcionários da Fifa, o temor é de que, sem um controle rígido, parte significativa desse dinheiro jamais chegue de fato aos atletas e torcedores.
Nos últimos anos, cartolas do Paquistão, Haiti, países africanos e dezenas de entidades regionais foram alvos de investigações e escândalos envolvendo os recursos da Fifa, oficialmente doador para desenvolver o futebol nessas regiões do mundo. Em diversos desses casos, o dinheiro terminava nos bolsos dos dirigentes, sem nunca erguer campos de treinamento.