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HISTÓRICO

Em busca de poder de fogo, Corinthians celebra 70 anos de ataque fulminante

Marcos Guedes - Folhapress
19 jan 2022 às 09:41
Jogadores do Corinthians de 1952 - Divulgação/Corinthians
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Cheio de jogadores criativos e ofensivos, como Giuliano, Paulinho, Renato Augusto, Willian e Róger Guedes, o Corinthians busca um centroavante que possa aproveitar a fecunda companhia colocando bolas na rede. 


Não há no mercado, porém, um nome como Baltazar, que chegou do Jabaquara para se tornar um dos grandes camisas 9 da história do clube.

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O Cabecinha de Ouro foi um dos responsáveis pelo ataque mais prolífico nos 111 anos da agremiação alvinegra. No Campeonato Paulista de 1951, finalizado em 1952, o time do Parque São Jorge precisou de apenas 27 jogos para chegar a cem gols. Campeão antecipado, terminou a competição com 103 tentos em 28 partidas, uma impressionante média de 3,68 caixas guardadas por confronto.

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Os três dígitos foram atingidos há 70 anos, em 19 de janeiro de 1952. Com o título assegurado seis dias antes, os comandados de Rato não tiveram de exibir o seu melhor futebol para derrubar o Ypiranga e alcançar a meta (centenária) que restava após o cumprimento da principal: o fim de um jejum estadual que já durava dez anos.

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"Mesmo não atuando com a classe de um verdadeiro campeão, o Corintians, na tarde de ontem, no Pacaembu, sobrepujou a equipe do Ipiranga, impondo-lhe o placar de 3 a 0. Não há duvida que o 'Campeão do Centenario' mereceu a vitoria", relatou a Folha da Manhã, que, em mais uma jornada de ataque produtivo, destacou a atuação de um beque.


"Murilo voltou a ser a principal figura do onze corintiano. Otima partida disputou o zagueiro mineiro, surgindo como o principal elemento em campo. Destacaram-se ainda na retaguarda do Corintians os medios Idario e Lorena", descreveu o jornal, que elogiou as finalizações de Baltazar e Jackson.

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O Corinthians ainda fechou a campanha com um triunfo por 3 a 1 sobre o arquirrival Palmeiras. E adicionou mais um troféu em uma sequência gloriosa: na primeira metade dos anos 50, em uma época na qual não existia Campeonato Brasileiro, levou o Paulista três vezes, conquistou também três vezes o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Rio-São Paulo, e ergueu a Pequena Taça do Mundo, na Venezuela, derrubando Roma e Barcelona.


Foi uma época tão marcante que virou até música, a marchinha "Gol de Baltazar", de Alfredo Borba, gravada na voz de Elza Laranjeira: "Gol de Baltazar, gol de Baltazar, salta o Cabecinha, 1 a 0 no placar." Mas o 1 a 0 não foi o placar mais recorrente no caminho para o troféu de 1951, registrado apenas duas vezes.

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Para fazer a festa, a equipe alvinegra atropelou adversários como o Comercial de São Paulo, superado por 9 a 2, o Jabaquara, derrotado por 7 a 1, e o Juventus, que levou 7 a 2 em jornada com cinco tentos de Baltazar. O rival São Paulo foi goleado nos dois turnos: 4 a 0 e 4 a 1. O Santos tomou 4 a 1 e 4 a 2. Até Mário, um driblador impressionante que preferia as fintas aos gols, deixou sua marca no dia em que o Radium perdeu por 5 a 2.


"E no dia 17 de novembro desse ano acontece um fato quase inacreditável", relata Lourenço Diaféria, no livro "Coração Corinthiano" (1992), referindo-se a 1951. "O ponta-esquerda Mário, que driblava a própria sombra, marca seu primeiro gol no Corinthians! A torcida mal crê no que vê. Mário marcando gol! Delírio nas arquibancadas. Mário detestava marcar gols. 'Minha mãe não gosta', ele explicava aos companheiros..."

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Diz o folclore alvinegro que a mãe do jogador sentia pena dos goleiros batidos. Outra lenda aponta que ele iludira uma mulher no Rio de Janeiro e enxergava o rosto dela tomando o espaço das traves. Os torcedores mais velhos juram ter visto o camisa 11, com o gol aberto, recuar para conduzir a bola e buscar mais dribles. Exagero, certamente, mas o carioca encerrou sua passagem pelo clube da zona leste paulistana com apenas cinco bolas na rede em 57 participações.


Já Baltazar não nutria a mesma compaixão pelos arqueiros e marcou 269 vezes com a camisa do Corinthians, 25 delas no Paulista de 1951. Porém o goleador do torneio foi o meia-esquerda Carbone, com 30 tentos, o que lhe rendeu o seguinte verso na marchinha "Gol de Baltazar": "Carbone é o artilheiro espetacular".

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O ataque dos cem gols contava ainda com Cláudio, até hoje o jogador que mais foi à rede pelo clube do Parque São Jorge (305 caixas), e com Luizinho, o endiabrado Pequeno Polegar. O que não impediu que a campanha avassaladora tivesse também uma dura derrota.


Contra a Portuguesa, em 25 de novembro de 1951, Idário e Carbone (2) marcaram. Porém o recém-chegado goleiro Gylmar foi vazado uma vez atrás da outra na goleada rubro-verde de 7 a 3. Afastado, perdeu a posição para Cabeção, titular na conquista do título, antes de alcançar o prestígio que o manteve na equipe até 1961 e o fez ser reconhecido como um dos grandes nomes de todos os tempos em sua posição.


O fracasso virou nota de rodapé na biografia do craque e virou também nota de rodapé na trajetória do excepcional Corinthians de 1951. Coube a Carbone, "o artilheiro espetacular", fazer o centésimo gol de um time que tem lugar de destaque na história preta e branca.

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