O Comitê de Ética da Fifa inocentou o presidente Gianni Infantino da acusação de má conduta relativa ao uso de voos fretados, encerrando semanas de especulações na imprensa internacional de que ele poderia se tornar a mais recente liderança do futebol mundial a ser suspensa do seu cargo.
Os promotores da comissão de ética anunciaram nesta sexta-feira a decisão de encerrar um inquérito sobre supostos conflitos de interesse e de aceitar indevidamente presentes, o que foi apoiado pelos juízes do órgão da Fifa.
"Verificou-se que nenhuma violação ao Código de Ética da Fifa havia sido cometida pelo senhor Infantino", afirmou a promotoria do comitê em um comunicado divulgado nesta sexta-feira, horas antes de o dirigente acompanhar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio.
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Um memorando interno da Fifa que vazou para a imprensa disse que Infantino usou jatos particulares pagos pelos governos da Rússia e do Catar, sedes das duas próximas edições da Copa do Mundo, além de viagens com a Uefa para se reunir com dirigentes na Eslovênia e nos Bálcãs. "Benefícios usufruídos pelo senhor Infantino não foram considerados impróprios à luz das regras e regulamentos aplicáveis pela Fifa", disse o comunicado.
A investigação também examinou a contratação de assessores de Infantino e a recusa em assinar o seu contrato de trabalho desde fevereiro. No entanto, essas questões foram considerados como "problemas de conformidade internos ao invés de um questão de ética".
O caso contra Infantino foi aberto após a renúncia ou a demissão de vários dirigentes de alto da escalão da Fifa a partir de maio, incluindo o presidente da comissão dede auditoria Domenico Scala, que foi o responsável por supervisionar a oferta salarial ao presidente, e Markus Kattner, que foi diretor financeiro da entidade por longo tempo.
Infantino foi ouvido pelos investigadores, que trabalhavam em sigilo e nunca confirmaram que um processo foi aberto. "O presidente gostaria de agradecer a todos aqueles que colaboraram com a Comissão de Ética para assegurar que os fatos fossem ouvidos e a verdade prevalecesse", disse a Fifa em um comunicado.
A investigação revelou problemas na Fifa na transição para a presidência de Infantino, que foi eleito em fevereiro, sob a promessa de modernizar e limpar a imagem da organização, abalada por um escândalo de corrupção, após 18 anos de gestão de Joseph Blatter.
Blatter está cumprindo uma suspensão de seis anos por conflitos de interesse envolvendo o pagamento de cerca de US$ 2 milhões (aproximadamente R$ 6,3 milhões, na cotação atual) a Michel Platini, que foi banido pelo mesmo período. O gancho imposto ao ex-jogador francês, inclusive, abriu caminho para a candidatura de Infantino.
Desde maio, informações, com um fluxo constante, vazaram, incluindo gravações de reuniões do Conselho da Fifa e memorandos internos, sendo publicadas pela imprensa. Elas incluíram uma gravação de Infantino descrevendo como "insultante" uma oferta de menos de US$ 2 milhões em salários anuais, sem direito aos bônus que Blatter recebia pela organização da Copa do Mundo.
O advogado suíço também foi acusado na imprensa de gastos excessivos com as contas da Fifa, como com aluguel de carros, um motorista particular, um terno, flores e um colchão para seu apartamento de propriedade da entidade em Zurique, e uma máquina para exercícios físicos para seu escritório na sede da organização. "Outras acusações relacionadas com despesas e questões de governança também foram investigadas, mas não levaram a abertura de nenhum caso", disse o comitê de ética.
Apesar de toda especulação da imprensa, o caso continuou em segredo oficial e uma investigação formal nunca foi confirmada. Isto foi "para assegurar independência e o foco no processos com base no considerável volume considerável de documentos", declararam os promotores.