A paixão - e não o título - vai continuar como o principal diferencial dos 113 anos da Ponte Preta. A equipe foi derrotada pelo Lanús por 2 a 0, nesta quarta-feira, na Argentina, e perdeu a chance de erguer a taça na sua primeira competição internacional. A frustração se soma à tristeza pelo rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Com a derrota, o Botafogo está confirmado na Copa Libertadores, competição que não terá clubes paulistas em 2014.
O time de Campinas não mostrou as qualidades de outras fases, como a ofensividade na casa do rival e o espírito de guerra. Também pesaram a inexperiência em decisões e a atuação apagada dos principais jogadores.
O JOGO
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A Ponte Preta tem um jogo simples e se mostrou igual ao que sempre foi. As jogadas mais importantes eram as arrancadas de Rildo e as cobranças de falta de Fellipe Bastos. Aí é que esteve a graça dos primeiros minutos. Fazer a mesma jogada de um jeito tão bem feito que o rival não consegue marcar. Foi assim que o estádio La Fortaleza ficou mudo na falta batida por Fellipe Bastos. Passou perto.
O time de Campinas foi diferente - para pior - em um aspecto tático. Sem o lateral-esquerdo Uendel, aquele mesmo que esgarçou a defesa do São Paulo nas semifinais, o técnico Jorginho apostou na consistência defensiva de Fernando Bob. Com isso, o time estava mais fechado que o habitual, sem o contragolpe traiçoeiro.
Faltou também sangue frio para suportar a pressão dos incansáveis cânticos dos torcedores argentinos e do medo do erro fatal. Tudo isso pesou aos 24 minutos e a Ponte Preta errou uma saída de bola com Magal. Ayala roubou, correu 40 e tantos metros e completou o passe de Blanco para abrir o placar.
Foi aí que a simplicidade virou mesmice. Elias foi anulado por Somoza, Fellipe Bastos ficava esperando uma falta e Rildo corria sozinho. O abismo que separa as duas equipes - a Ponte Preta foi rebaixada e o Lanús disputa o título argentino - mostrou as suas diferenças na Sul-Americana, o que não havia acontecido no jogo de ida.
Até Jorginho sentiu o golpe e foi expulso no final da etapa inicial. O Lanús fez o segundo gol na velha - e boa - jogada aérea. Os zagueiros da Ponte Preta marcaram a bola e deixaram Blanco soterrar o sonho.
O técnico Marcelo Cabo, substituto de Jorginho, escalou três atacantes, mas não deu em nada. A melhor chance do segundo tempo foi uma cabeçada de Blanco - ele de novo - que Roberto salvou. Os gritos de "olé" da ensandecida torcida argentina começaram aos 27 minutos do segundo tempo, mas não calaram os minguados quatro mil ponte-pretanos no estádio. Mesmo espremida no cantinho, a paixão ainda estava lá, intacta.
FICHA TÉCNICA
LANÚS 2 x 0 PONTE PRETA
LANÚS - Marchesín; Araújo, Goltz, Izquierdoz e Velásquez; Somoza, Diego González, Ayala e Benítez (Pasquini); Santiago Silva e Blanco. Técnico: Guillermo Schellotto.
PONTE PRETA - Roberto; Artur (Ferrugem), César, Diego Sacoman e Fernando Bob; Magal (Adaílton), Baraka, Fellipe Bastos e Elias; Rildo (William) e Leonardo. Técnico: Jorginho.
GOLS - Ayala, aos 24, e Blanco, aos 48 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS - Ayala, Somoza e Blanco (Lanús); Fellipe Bastos (Ponte Preta).
ÁRBITRO - Enrique Osses (Fifa/Chile).
RENDA E PÚBLICO - Não disponíveis.
LOCAL - Estádio La Fortaleza, em Buenos Aires (Argentina).