Aos 46 minutos de jogo, logo após Rafael Marques abrir o placar para o Palmeiras no clássico, um drone foi levantado e sobrevoou o gramado da Arena Corinthians. O objeto controlado por controle remoto, semelhante a um pequeno helicóptero, carregava uma camisa do Guaraní-PAR - clube que eliminou o Timão na Libertadores - com a inscrição "HAHAHA". A provocação pode custar caro ao Palmeiras. Usar drone para provocar um rival em campo não foi inédito - e nos outros dois casos houve punição.
Pelo drone ser uma criação nova, ainda não há legislação no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) para punir o uso do pequeno helicóptero em estádios de futebol. Porém a provocação pode ser enquadrada em outros artigos, como explica o advogado especialista em direito esportivo João Henrique Chiminazzo.
"O procurador do STJD analisa as imagens e se ele entender que viola normas do CBJD, que trouxe risco aos torcedores e jogadores ou que instigou a violência, pode punir. São tantos artigos que depende da interpretação. A questão é denunciar qual clube? O Corinthians é responsável pela segurança do estádio, mas não tem autonomia pra verificar o que fazem fora de campo. Se o procurador for punir, acredito que optará pelo Palmeiras", analisa.
Leia mais:
Brasileiro tem Botafogo com uma mão e meia na taça e Palmeiras à espera de milagre
Encabeçada pelo Londrina EC, plataforma da Squadra chega a cinco clubes
Mercado vê alvos do Corinthians, porta aberta para Jesus e saídas no Santos
Juventude vence São Paulo dentro do Morumbis e escapa do rebaixamento
O caso mais famoso de um drone em campo foi na partida entre Boca Juniors e River Plate pela Libertadores 2015. Torcedores do Boca amarraram no pequeno helicóptero uma faixa branca com a letra "B" pintada em vermelho, referência ao rebaixamento do rival à segunda divisão em 2011. Quando o drone apareceu, a partida já estava suspensa por um torcedor do time da casa ter lançado gás de pimenta nos jogadores do River. A Conmebol puniu o Boca por ambas atitudes com a exclusão do clube na Libertadores, multa de 200 mil dólares, quatro partidas com portões fechados em torneios da entidade e quatro jogos sem torcedores do Boca como visitante.
"Na Conmebol, não há legislação sobre drones, então usam outra infração para captular a punição. O drone foi considerado formalmente, mas como a Conmebol pune por uma tábua de penas, não se sabe a sanção que somente o drone sofreu. No exemplo do Boca não houve comprovação de ter sido lançado por um torcedor do clube - subentende-se que sim -, mas não houve comprovação que foi dentro do estádio. Entra na questão da responsabilidade do jogo, esse foi o procedimento da Conmebol", diz Eduardo Carlezzo, advogado brasileiro contratado pelo Boca Juniors para defender o clube no processo sobre as ocorrências na partida contra o River Plate.
A primeira ocorrência de drone em estádios de futebol teve motivações políticas. Em outubro de 2014, Sérvia e Albânia jogavam pelas Eliminatórias da Eurocopa 2016. Aos 41 minutos do primeiro tempo, um drone com a bandeira albanesa invadiu o campo e o meia sérvio Mitrovic recolheu o objeto. O ato gerou confusão generalizada entre torcedores e jogadores. Por causa da interrupção da partida causada pelo drone, a Uefa puniu as duas federações com multa de 100 mil euros e determinou a vitória sérvia por 3 a 0.