A explosão em São Petersburgo, nesta segunda-feira, deixou claro para especialistas em segurança que a Copa de 2018 na Rússia e a Copa das Confederações deste ano testarão todos os sistemas de segurança e medidas antiterroristas de Moscou. Para tentar identificar todos os torcedores, o governo russo vai exigir que todos os estrangeiros e grupos locais sejam fichados e carreguem sempre uma espécie de carteira de identidade.
Sem ela, não poderão entrar nos estádios e nem ter acesso às linhas de transporte nas cidades. A identidade também será exigida durante a Copa das Confederações e o governo insiste que seu principal objetivo será o de evitar que hooligans entrem nos estádios. Mas o sistema tentará cruzar as informações com bancos de dados de nomes de pessoas suspeitas de ter algum envolvimento com o terrorismo.
Oficialmente, tanto a Fifa como o Comitê Organizador Local insistem que, apesar dos mortos na cidade que será sede de alguns dos jogos mais importantes dos torneios, o plano de segurança dá garantias aos torcedores de que não será um risco viajar até a Rússia.
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"Com relação às preparações para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, autoridades locais começaram a preparar um planejamento detalhado de segurança, desde que o país foi escolhido como sede", disse a Fifa, em um comunicado de imprensa emitido nesta segunda-feira.
"A Fifa e o Comitê Organizador têm total confiança nos arranjos e no conceito de segurança planejados para esses próximos eventos", indicou a entidade, num e-mail em que ainda afirmou estar "chocada e triste" com as explosões na Rússia.
Mas, longe do discurso oficial, ex-membros da equipe de segurança da Fifa revelaram à reportagem do Estado que a preocupação é real. Moscou insiste que não existe motivo para questionar o sistema de segurança e que os Jogos Olímpicos de Sochi de 2014 provaram isso. Mas os especialistas apontam para duas diferenças importantes. A primeira é o fato de que a Copa vai ocorrer em múltiplas cidades e com torcedores vindos de todo o mundo.
Blindar uma cidade, como no caso de Sochi, poderia ser possível. Mas não haverá como adotar a mesma política para todas as demais cidades russas.
Outra diferença é o envolvimento russo na Síria. Nos últimos meses, foi justamente o apoio do Kremlin ao presidente Bashar Al Assad que garantiu seu avanço sobre grupos terroristas. Mas, enquanto militares russos bombardeiam acampamentos, a Síria contaria hoje com cerca de 2,9 mil russos que foram lutar ao lado de jihadistas. Um retorno de algumas dessas pessoas para a Rússia poderia representar uma ameaça imediata.
Respondendo às críticas sobre a questão de segurança, o governo russo não demorou para alertar que Paris também sofreu atentados e, ainda assim, conseguiu organizar a Eurocopa de 2016 sem qualquer incidente. Alguns dias depois do fim do torneio, a França foi marcada por outro atentado: em Nice.
"As medidas para garantir a segurança desses torneios já estão sendo implementadas", disse o presidente do Comitê Russo Antiterrorismo, Igor Kulyagin. Nesta segunda-feira, por sua vez, o presidente Vladimir Putin deixou claro que vai anunciar novas medidas de segurança para o setor de transportes.