Coração. Eis a palavra para definir a vitória do Flamengo. Foi com o coração de Renato Abreu em mente que os jogadores rubro-negros entraram em campo para enfrentar o Emelec (Equador), nesta quinta-feira, no Engenhão, pela Copa Libertadores, com camisas em homenagem ao meia, afastado por problemas cardíacos. A vitória magra por 1 a 0, contra um time com um jogador a menos durante 45 minutos, também refletiu tal estado de espírito.
Muita dedicação, pouca qualidade técnica e muito, mas muito nervosismo dentro de campo e nas arquibancadas. A massa rubro-negra dedicou o segundo tempo a vaiar metade da equipe, com especial atenção a Ronaldinho Gaúcho, hostilizado com xingamentos. O técnico Joel Santana também mereceu apupos, por ter escalado um time com três zagueiros e sacado Deivid do ataque.
Nem mesmo o fato de o triunfo ter levado o Flamengo à liderança do Grupo 2, com 4 pontos, um mais que os equatorianos e o Olímpia, próximo adversário, no dia 15, no mesmo Engenhão, apaziguou o ânimo exaltado das arquibancadas. "Jogamos bem. Acho que essas vaias são injustas", disse David Braz. "Hoje (quinta) foi um jogo de um gol só, mas o importante foram os três pontos", destacou Vágner Love, o herói de uma noite sofrida, com o seu quinto gol em seis jogos pelo clube, em lampejo de Ronaldinho Gaúcho.
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A realidade é que os jogadores brasileiros entraram em campo com o coração na boca. Podia-se sentir a tensão no ar. O esquema com três zagueiros tinha pouco efeito prático. Ficou ainda pior quando Leonardo Moura saiu aos 28 minutos com lesão na coxa direita. O inofensivo Negueba entrou em seu lugar, sob os gritos de burro para Joel Santana.
No desfigurado meio de campo, a jovem dupla Muralha, 19 anos, e Luiz Antônio, de 20, se destacou. Foram dois leões e mostraram frieza de veteranos. Apagado, a moral de Ronaldinho Gaúcho está tão em baixa com a torcida que quando houve uma falta próxima a área, o coro foi por Bottinelli. O craque brasileiro cobrou com perigo.
Único desenvolvimento positivo para o time da casa foi a expulsão de Pavon no fim da primeira etapa, por cotovelada em Welinton. Joel Santana, então, sacou o zagueiro Welinton e lançou Deivid.
Bastou as estrelas reluzirem ao menos uma vez. Vágner Love para Ronaldinho Gaúcho, para Vágner Love, para as redes, aos 3 minutos. Bela jogada. Apesar da assistência, os torcedores seguiam na bronca com o meia. Quando o craque tentou um passe com o ombro e outro com o calcanhar e errou, vaias e xingamentos para o camisa 10. Uma pequena parte das arquibancadas tentava contra-atacar com incentivo.
O jogo seguia assim, nervoso, tenso e com nenhuma margem para erro. E um deles poderia ter sido fatal. Aos 44 minutos, Bottinelli arriscou de longe, o goleiro Dreer espalmou e Negueba perdeu lance impossível. Menos mal que o adversário, com 10 homens e de menor categoria, não apresentou necessária vontade de buscar o empate.