Considerado um dos grandes técnicos da história do Corinthians, Tite rompeu a barreira do status de comandante e foi alçado a posição de ídolo da torcida. Em sua despedida do Pacaembu, no sábado passado, cerca de 35 mil torcedores gritaram seu nome em reconhecimento aos títulos do Brasileirão, Libertadores e Mundial, entre outros, conquistados nos últimos anos.
Perto de deixar o clube, o técnico admite que a reação das arquibancadas o assustou. "Eu estou envergonhado, talvez não querendo ostentar, mas isso mostrou que daqui a pouco um técnico pode ser idolatrado. E isso me assusta, por dentro me assusta, um atleta, eu concebo. Estou um misto de orgulhoso e assustado", diz o treinador, em entrevista ao Estadão.
"Eu não chorei porque estava com vergonha, mas por dentro eu estava chorando, eu acenei para o torcedor, mas queria ganhar o jogo, queria terminar com uma vitória", revela Tite, consciente de sua importância para o clube. "Eu estou no hall daqueles cinco maiores, isso tenho consciência. Com cada um que falo, diz assim: ''cara, a Libertadores do jeito que foi nos redimiu''. E eu falo: ''não fui eu, foram os jogadores.'' E eles falam: ''tu foi o técnico, nossa autoestima foi resgatada.''"
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Para o treinador, o aguardado título da Libertadores em 2012 foi mais importante que a conquista do Mundial, no fim do mesmo ano. "Como resgate de orgulho próprio, sim, o marketing do Mundial foi extraordinário, ecoou mais que a Libertadores, para o Tite mundialmente ecoou mais, mas o valor, o contexto geral, para o torcedor, a Libertadores foi mais importante", diz.
Na avaliação de Tite, a forma como o título sul-americano foi conquistado será seu maior legado. "Vencer de forma leal e competente. Vencer sendo o melhor, competitivamente, tecnicamente, taticamente. Ganhamos a Libertadores e todo mundo dizia: ''ah, tem malandragem, tem cusparada, tem que ser avião, malandrão, fomos o mais disciplinado e campeão invicto. Pegamos o Emelec, spray de pimenta, expulsão, arbitragem no mínimo tendenciosa, escambau, a equipe matou no peito e superou. Esse é o legado".
FUTURO - Procurado por sete times - dois deles do exterior -, Tite ainda não sabe qual será o seu futuro depois do jogo de despedida no Corinthians, domingo. Mas já avisou que não se sentirá tentado diante de propostas milionárias. "Profissionalmente não busco o lado financeiro, já tenho uma vida, não vou modificar, quero um lugar em que eu esteja feliz e cresça profissionalmente", explica.
O treinador não esconde que chegar à seleção brasileira, possivelmente após a Copa do Mundo do próximo ano, é um dos seus objetivos. "Eu e mais uns 15 técnicos pensam nisso. Tenho consciência dos meus passos, sou um dos postulantes por tudo que construí, pelos trabalhos que me credenciam", afirma.