A crise econômica e política no Brasil vai afetar os Jogos Olímpicos do Rio em 2016 e o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que vai rever todos os contratos existentes para o evento. "Todos os lugares em que possamos economizar, teremos de economizar", disse Cristopher Dubi, diretor dos Jogos. "Vamos cortar a gordura."
Nesta quarta-feira, o COI ouviu dos organizadores do evento e do prefeito Eduardo Paes, por teleconferência, explicações sobre como cortes nos gastos serão realizados. "É inevitável que haja um impacto nos Jogos", disse Craig Reedie, vice-presidente do COI e que teme uma inflação nos custos. "Eles (os brasileiros) tem dificuldades políticas e econômicas", afirmou.
Dubi anunciou a criação de um grupo de trabalho que irá examinar cada um dos contratos de fornecedores para os Jogos do Rio, no esforço para identificar áreas que poderão sofrer cortes. "Tem contratos que precisam ser negociados. Nos próximos seis meses, eles precisam ser avaliados", disse, se recusando a falar em valores e em quanto terá de ser reduzido no orçamento.
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À reportagem do Estado de S. Paulo, ele confirmou que o esforço aponta para uma "forte redução". "É até uma questão de cidadania, diante da situação econômica do Brasil", disse.
A reunião foi marcada por uma negociação sobre como cortar gastos para o evento. Com a criação do grupo de trabalho, o COI e as federações esportivas serão convidados a avaliar o que estariam dispostos a abrir mão. "É importante que todos possamos contribuir", disse Dubi.
Segundo o Estado de S. Paulo apurou, a cerimônia de abertura terá seu custo reduzido, assim como os investimentos nos eventos-teste serão controlados. Em cada apartamento dos atletas na Vila Olímpica, um dos dois monitores de televisões previsto será retirado. Também não haverá condição para que cada um dos membros do COI, com mais de cem pessoas, tenham um carro com motorista à sua disposição durante o evento. Os restaurantes para os dirigentes também terão de ser compartilhados com os atletas e alguns dos privilégios serão reduzidos.
A organização do Rio-2016 chegou a ensaiar uma recusa em pagar pelo ar condicionado na Vila Olímpica, mas acabou desistindo da ideia.
Por enquanto, porém, Dubi garante que não vai ver um pacote de resgate do COI. "Paes nos deu garantias de que isso não seria necessário", explicou.
IMPEACHMENT - Outra preocupação do COI é com o possível Impeachment de Dilma Rousseff. "A realidade política foi lidada na reunião", admitiu Dubi, que contou que Paes foi "transparente". "Mas o prefeito deu garantias de que a população ainda quer o evento", disse o representante do COI. "Paes nos deu garantias de que a energia vai continuar", afirmou.
Nawal Moutawakel, inspetora do COI para os Jogos no Rio, não disfarçava a constatação de que o Rio terá "importantes desafios". Mas deixou claro que a questão da corrupção envolvendo as empresas de construção no Brasil não é seu problema. "Os contratos são com a cidade do Rio", disse. O COI, segundo ela, não irá pedir uma auditoria dos contratos.
O Centro Internacional de Transmissão dos Jogos, por exemplo, foi erguido pela Odebrecht. Nawal, porém, se recusou a comentar o fato de que o presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, está preso por suspeita de corrupção. O Parque Olímpico também é obra da empresa.
Dubi também rejeitou qualquer auditoria no evento. "Recebemos garantias de que os contratos foram assinados com regras rigorosas. Não temos razão para duvidar disso", completou.