Não é raro ouvir alguém dizer que tem alergia a gatos. Os espirros e a coceira no nariz que ocorrem em alguns humanos quando entram em contato com felinos acontecem por causa de uma proteína encontrada na saliva dos bichanos, chamada Fel d 1.
Porém, há um outro lado nessa história: gatos também podem sofrer com alergias -às vezes, causadas pelos humanos- que, se não forem tratadas corretamente, geram vários problemas respiratórios, como bronquite e asma.
"Eu costumo dizer que o gato tem alergia a tudo que nós temos, menos aos pelos deles", brinca Vanessa Zimbres, veterinária especialista em medicina felina e proprietária da clínica Gato é Gente Boa, em Itu, no interior de São Paulo. "A alergia pode ser causada por várias coisas, como poeira doméstica e ácaros, mas, principalmente, por cheiros. O olfato felino é bem melhor e mais sensível que o nosso."
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Da alergia à bronquite
Quem sofre com alergia sabe que, muitas vezes, um antialérgico e uma boa noite de sono já resolvem o problema. Infelizmente, a situação não é tão simples para os felinos. Um quadro alérgico pode causar uma inflamação nas vias áreas, principalmente brônquios e bronquíolos, ou seja, uma bronquite. Como resultado, o gato começa a ter dificuldade de respirar, gerando um imenso incômodo ao bichano.
Um dos principais sinais da disfunção é a tosse. O quadro se assemelha aos sintomas de presença de bola de pelo no trato digestivo e acaba por confundir muitos tutores. O problema é que, sem o correto tratamento, a bronquite pode se transformar em uma crise asmática, comprometendo severamente a respiração do gato.
"O tratamento é focado na bronquite, com o uso de corticoides e bombinha. Na hora que o gato tem uma crise asmática, já é um quadro de urgência", conta a veterinária. "O problema é que só o fato de levar ao veterinário já causa um estresse capaz de piorar a respiração. Se o gato não consegue oxigenar, ele pode desmaiar. Alguns nem chegam ao atendimento."
As bombinhas são importantes aliadas ao tratamento. Para que o processo seja facilitado, o ideal é condicionar o seu gato fora da situação de crise. Quando ele perceber que o procedimento ajuda na respiração, vai ficar mais fácil convencê-lo, diz a veterinária.
A inalação não é recomendada para tratar a bronquite felina. A técnica irá umedecer ainda mais as vias áreas e pulmões, que já estão úmidos e inflamados.
Quanto menos cheiro, melhor
A melhor maneira de evitar a bronquite em felinos é diminuir os possíveis agentes alergênicos. Além de manter a casa limpa e sempre arejada, é preciso ter atenção especial aos cheiros. Areia perfumada, odorizadores de ambiente e até desinfetantes devem ser evitados.
"Sempre recomendo não deixar o gato no local na hora de fazer a limpeza", alerta Vanessa. "Além disso, é sempre bom lembrar que o verdadeiro tutor de gato também não usa perfume".
A bronquite alérgica pode acometer gatos de todas as raças, porém, os sialatas (gatos sem raça definida, mas com características de siamês), gatos de pelagem preta e os frajolas (com pelagem branca e preta) costumam ter mais predisposição ao quadro.
Se você percebeu que o seu gato está com dificuldade de respirar, é importante consultar um veterinário o mais rápido possível.