O câncer infantil é a segunda maior causa da morte de jovens no Brasil, atrás apenas dos acidentes. Como doença, é a que mais causa óbitos no país. Tendo em vista a necessidade de conscientização sobre o tema, o dia 15 de fevereiro foi oficializado como o Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil.
A vida das pessoas que precisam lutar contra esse tumor não é fácil. Gislaine Caetano, mãe do Matheus, participou ao lado do filho do tratamento para uma LLA (Leucemia Linfoide Aguda) quando ele tinha apenas dois anos de idade, em 2017. Apesar de avassalador, o diagnóstico só uniu ainda mais a família em torno do Matheus. Foi quando ambos encontraram em um hospital de Curitiba uma força inesperada: uma equipe de "anjos”, como a própria Gislaine descreve, emocionada. "É muito difícil para uma criança, tão cedo, enfrentar tudo isso. O COP foi fundamental”.
O COP a que ela se refere é o Centro de Oncologia do Paraná. O local, apesar de uma estrutura moderna e com equipamentos modernos, pouco se assemelha a um hospital convencional. E é intencional: a ideia é dar às crianças ali presentes na ala infantil uma sensação hospitaleira, tranquilizadora.
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Os tumores nos jovens surgem a partir de uma mutação no seu material genético (DNA, RNA) que vão se multiplicando rápida e desordenadamente,( sem se diferenciar ou amadurecer e morrer e renovar) dando origem aos tumores, podendo também infiltrar outros órgãos e tecidos através da via sanguínea ou linfática (metástases). É o que explica a Doutora Edna Kakatani, oncopediatra do COP.
Diagnóstico precoce
É impossível prevenir diretamente o câncer na infância. Porém, o diagnóstico precoce é a principal arma. O acompanhamento constante do médico pediatra – assim como seu interesse em um diagnóstico diferencial quando suspeitar de algo – é a atitude que faz a diferença no combate aos tumores.
"Os pais podem ficar alertas aos sintomas e comunicar ao médico, também”, avalia Edna. "Os mais tradicionais são a perda incomum de peso, cansaço e febre. No caso da leucemia, a criança se torna mais suscetível a infecções, anemia e sangramentos, além de manchas pelo corpo e dores nos ossos”.
No caso de tumores do sistema nervoso central, dor de cabeça e vômitos acabam ocorrendo em virtude da localidade em que o câncer ocorre. "Os jovens tendem a ter complicações na coordenação motora, equilíbrio, paralisias e problemas na visão, entre outros”, alerta Edna.
De forma geral, outros tumores se manifestam de formas específicas. Mas, conforme avalia a especialista, o diagnóstico específico deve ser feito a partir das indicações do médico pediatra.
Causa principal de mortes entre jovens
"No Brasil, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) a estimativa em nosso país é de 12,5 mil casos novos por ano em crianças de 0 a 19 anos”, avalia. "Apesar de ser uma doença grave, com o avanço da medicina, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados”.
Nas leucemias, pela substituição das células normais do sangue por células leucêmicas na medula óssea (tutano do osso, onde o os glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas são produzidos normalmente), a criança se torna sujeita á infecções, fica pálida (anemia) e pode ter sangramentos , manchas roxas pelo corpo e sentir dores ósseas.
A emoção de vencer a luta
O Matheus concluiu a quimioterapia em setembro de 2019, quando completou o ritual de "tocar o sino” - tradicional e emocionante, pois representa o fim desse ciclo – e agora realizará o acompanhamento por lá. "Quando ele estava numa etapa mais complicada do tratamento, até meio triste, eu resolvi me vestir de palhaço e fazer uma surpresa para ele. Até me emociono de lembrar, mas as enfermeiras viram e resolveram me acompanhar nisso. No fim do dia, ele virou para mim e disse: ‘mamãe, esse foi o dia mais especial de todos para mim’. Me senti realizada”, relembra Gislaine, emocionada.