Recebi de um leitor do blog a seguinte mensagem, via e-mail: Wilhan, você é de direita ou de esquerda? De que lado está?
Eu poderia responder ao meu nobre leitor por e-mail mesmo, mas achei a pergunta tão pertinente que vou responder aqui no blog. Vai que mais alguém está interessado na resposta.
Para ser objetivo, não sou de esquerda, nem de direita, tampouco de centro ou "em cima-do-muro". Respeito todas as opiniões, mas acho que, no cenário político de hoje do nosso surrado Brasil, não faz sentido se posicionar à direita ou à esquerda.
Ficar de um lado é relegar o que o outro pode oferecer de bom e tapar os olhos para tudo de podre que há do meu lado. É fazer da política um jogo de futebol, uma disputa entre dois times, colocar o fanatismo à frente de convicções. Ainda mais agora que nenhum dos lados joga o jogo limpo. Nem parecem afim de jogá-lo.
Direita e esquerda, no fundo, querem a mesma coisa: o poder. Lutam para chegar a ele e para nele permanecer. Nenhum deles está interessado verdadeiramente no bem coletivo. Nenhum dos partidos políticos brasileiros, digo e repito sem medo de errar, nenhum dos partidos políticos brasileiros está interessado na felicidade geral da nação.
Houve um tempo em que dizíamos que havia políticos safados, mas a maioria ainda prestava. Agora, enxergo claramente que a maioria deles é mesquinha, ordinária, amante do dinheiro e do poder. Uma pequena minoria foge à regra.
Estou pegando pesado? As evidências mostram que não. Quase todos buscam reeleição atrás de reeleição. Muitos preparam os filhos para sucedê-los nos cargos executivos ou legislativos. Alguns desfrutam de mandatos paralelamente aos filhos que desfrutam de mandatos em outros cargos.
A propaganda política continua arraigada de promessas baratas e de candidatos que estão mais para concorrer ao cargo de santo do que de prefeito, vereador, deputado e etc.
A carga tributária pesa no meu e no seu lombo. O retorno é ínfimo. Não há verbas para o necessário. Sobram verbas escorrendo pelos ralos da corrupção e da incompetência administrativa.
Enquanto isso, mortes causadas por dengue - coisa de país muito subdesenvolvido – continuam sendo noticiadas em nossas TVs ultramodernas de muitas polegadas. Afinal, seremos salvos pelo consumo, prega o governo.
Jogamos lixo na rua, furamos filas, desrespeitamos regras.
Diante de tudo isso, é inútil ficar à esquerda ou à direita, num eterno "Fla-Flu" míope, que empurra a verdade para escanteio.
Penso que os caras que hoje nos comandam adoram esta discussão de convicções políticas, estes dedos apontados uns para os outros. Enquanto ficamos defendendo nossas paixões ideológicas eles fazem outras coisas, classificadas como "malfeitos". Os mesmos que hoje trocam acusações tomam, juntos, vinho do bom amanhã. Embriagados pelo poder, não se envergonham de abraçar o outrora inimigo número um para uma foto pública.
Decepcionei-me com todos nos quais votei nos últimos anos. Com todos! E o mais triste é que sei que me decepcionaria do mesmo jeito se tivesse votado ao contrário do que votei.
Isso não significa que deixarei de votar. Acredito na democracia e tenho a certeza de que ela ainda salvará o nosso País. Pena que, provavelmente, eu não estarei aqui para ver.
É por isso, caro leitor, que dou esta resposta tão longa a uma pergunta tão simples feita por você. Desculpe pelos excessos, mas, como jornalista, tento distanciar-me de paixões para encontrar a verdade. Temo não conseguir.
Um grande abraço. Muito obrigado por escrever e por acompanhar o blog.