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Rodrigo Linhares, o cara que fala com estrelas

17 jan 2014 às 14:36

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- Arquivo pessoal
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Em 1982, Rodrigo Linhares era um garotinho de apenas seis anos de idade mas a atração da escola no horário do intervalo. Os colegas mais velhos o chamavam e pediam que dissesse a escalação da seleção brasileira que disputaria a Copa daquele ano. Ele estufava o peito e recitava o nome de jogador por jogador, do 1 ao 22. Era a primeira mostra da memória pródiga e do gosto pelo futebol do garoto.


Ainda naquele 1982, em 5 de julho, Rodrigo choraria pela primeira vez por causa desse esporte. Foi difícil aceitar a derrota e a eliminação para a Itália de Paolo Rossi, por 3 a 2. Outros brasileiros também choraram naquele dia.

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Porém, a derrota do time comandado por Telê Santana não fez o menino perder o gosto pelas coisas do futebol. Continuou lendo, decorando datas, nomes de jogadores, fatos interessantes.

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Profissão: Jornalista

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Atire a primeira pedra


Quem poderia imaginar que, mais de vinte anos depois, trabalhando em uma emissora de rádio, ele entrevistaria os principais atletas daquela seleção? Gente como Zico – o grande ídolo de sua infância -, Falcão, Júnior, Toninho Cerezo, Sócrates.

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Na adolescência, Rodrigo era um cara diferente, introspectivo, falava pouco. Sempre, acompanhando programas esportivos no rádio e na televisão. Em 1992, morando em São José dos Campos (SP), cidade onde nasceu, ouviu falar pela primeira vez do Londrina Esporte Clube, assistindo na extinta Rede OM os jogos das finais do paranaense.


Cinco anos mais tarde, a cidade de Londrina entraria na vida de Linhares. Foi aprovado no vestibular da UEL para o curso de odontologia. Não pensava ainda em trabalhar com comunicação.

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Formado, passou a cuidar dos dentes alheios e decidiu ficar para sempre no Norte do Paraná. Enquanto isso, amadurecia o desejo de, quem sabe um dia, falar em um microfone de alguma rádio. Participar de um programa esportivo. Ser igual aos ídolos da adolescência.


Na vida, o acaso que não é por acaso, muitas vezes, dá um empurrãozinho para que sonhos se realizem. Jogando futsal com os amigos, goleiro, ele fraturou o punho e rompeu os ligamentos do tornozelo. Tudo isso no mesmo jogo.

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Sem poder usar uma das mãos por uns dias, teve de reagendar os pacientes do consultório de odontologia e ficou com tempo para ir conhecer uma rádio. Bateu nas portas da Paiquerê AM. Foi bem recebido. Passou a conversar com a turma do departamento de esportes. Sacaram que o rapaz entendia de futebol.


"Em janeiro de 2005, dei meu primeiro boa-noite no microfone, no programa do Agostinho Pereira, com o coração palpitando", recorda.

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As participações nos programas da Paiquerê lhe renderam o convite para um programa fixo na Rádio Londrina. Depois passou pela Brasil Sul até voltar, já íntimo dos microfones, para a Paiquerê AM.


A memória de Rodrigo era a principal atração de seus programas iniciais. Os dados históricos, as lembranças de gols memoráveis. Mas ele teve a ideia de ir atrás dos caras que protagonizaram esses lances inesquecíveis. Contrariando o impossível, começou a localizar ídolos da história do futebol brasileiro, mundial e também do londrinense, é claro. E a gravar entrevistas com eles, muitas feitas por telefone. Para estrear bem, o primeiro foi Zagallo.

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Daí em diante, além dos já citados da Copa de 1982, vieram, entre outros duzentos e tantos, Tostão, Clodoaldo, Rivellino, Dino Zoff, Eusébio, Figueroa, Gamarra... Todos emocionados por recordarem, provocados por Rodrigo, fatos históricos.


Porém, um entre todos, famoso por calar o estádio do Maracanã em 1950, quase cala de emoção também o ex-adolescente introvertido que acabou recebendo o apelido de "fala-muito", de tanto que fala em seu programa.

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"Foi emocionante demais conversar com o Ghiggia. Dziam até que ele cobrava para dar entrevistas. Consegui o telefone da casa dele, no Uruguai. Liguei. Ele atendeu. Expliquei que queria uma entrevista. ‘Tudo bien’, respondeu", conta Rodrigo, referindo-se ao atacante uruguaio Alcides Ghiggia, autor do gol que derrotou o Brasil na final de 1950. Ele voltaria a falar com o uruguaio em outra oportunidade.


Encontramos Rodrigo em uma tarde quente dos últimos dias, em um dos estúdios da rádio onde trabalha, entrevistando dois campeões paranaenses pelo LEC de 1992: Joilton e João Neves, com participação especial do ouvinte César Ferro.


Em mais de uma hora de conversa para o blog, tentamos descobrir qual é o segredo de Linhares para localizar e entrevistar tantos ídolos. Aí ele joga na retranca. Como bom "detetive", não revela a linha de investigação.


"Você vai fuçando, investigando. Vai, vai, vai e pumba! Nunca é fácil. Tomo muito balão também", explica, sem dar mais detalhes.


Ele conseguiu achar até Gheorghe Hagi, aquele camisa 10 da Romênia da Copa de 1994, no interior do país do Leste Europeu. "Alguns são difíceis de achar, outros são complicados de conseguir falar ou arranjar o número do telefone, cada um é um parto." Sobre quais teriam sido os mais marrentos para atender as ligações, ele prefere não citar nomes. Mas podemos dizer que tem Renato Gaúcho e Romário na lista de entrevistados. O leitor pode tirar suas conclusões.


Sobre qual seria o atleta que ele ainda sonha entrevistar, engana-se quem pensa que é o tal Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. "Na verdade, sonho em falar com dois jogadores: Maradona e o nosso grande carrasco com aqueles três gols em 82, Paolo Rossi. Mas é claro que ficaria muito feliz se conseguisse também o Pelé."


Além de chegar aos entrevistados, outro ponto importante é fazer a entrevista render, como se diz no jargão jornalístico. Para isso, a grande arma de Rodrigo é a memória e o arquivo de áudios dele e da Paiquerê. Muitas vezes o entrevistado começa demonstrando certa desconfiança, pois é um ídolo e está falando com uma emissora do interior do Paraná, mas quando vai recordando fatos e ouvindo narrações históricas, vendo que o entrevistador é do ramo, empolga-se. O papo flui legal. O ouvinte agradece, comenta, vibra, participa.


"A interação com o ouvinte é outro ponto fantástico do rádio. Recentemente minha filha, Mariana, de um ano e sete meses, teve um problema de saúde. Os ouvintes me apoiaram muito. Fizeram novena, mandaram livros, medalhinhas. Ajudaram-me a superar aquela fase. Foi fantástico".


Teve também um ouvinte que pediu a ele ajuda para localizar um parente que não via há muito tempo. "Aí não dá. Só sei achar jogador".


Rodrigo Linhares, 37, marido da Daniela, pai da Mariana, apresenta seu programa todos os domingos, ao lado de Valmir Martins, das 10h às 13h30, na Paiquerê AM, 1110 KHz. É líder de audiência. Para ouvir pela internet é só clicar www.paiquere.com.br. Para ouvir entrevistas já realizadas: www.rodrigolinhares.com.br.

Antes de terminar, demos a ele a missão de escalar duas seleções com as estrelas que já passaram pelo seu programa. "Tudo bem, mas não vale incluir os do Londrina, pois são todos hors concours". Aí vai:
1 – Dino Zoff; 2 – Djalma Santos; 3 – Figueroa; 4 – Gamarra; 5 – Falcão; 6 – Júnior; 7 – Ghiggia; 8 – Sócrates; 9 – Eusébio; 10 – Zico; 11 – Romário. Técnico - Muricy Ramalho.
Do outro lado estariam: 1 – Taffarel; 2 – Carlos Alberto Torres; 3 – Luís Pereira; 4 – Dario Pereira; 5 – Cerezo; 6 – Roberto Carlos; 7 – Clodoaldo; 8 – Rivellino; 9 – Coutinho; 10 – Tostão; 11 – Zagallo. Técnico - Carlos Alberto Parreira.


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