A criatividade do pessoal que tenta morder uma grana na manha não tem limites. Hoje, por volta das 14h, caminhando apressado na Avenida Higienópolis, fui abordado por um senhor, ali pela casa dos sessenta anos de idade, branco, barba por fazer, boné, vestido de forma simples.
Veio para o meu lado todo sorridente.
- Rapaz, quanto tempo! Que bom te encontrar aqui.
Sou péssimo para reconhecer fisionomias. Já até escrevi sobre isso aqui no blog. Fiquei a matutar, tentando descobrir quem era o sujeito enquanto respondi com um tímido oi. Ele continuou.
- E seu pai, tá bom?
É algum amigo do meu pai, pensei. Será que trabalhou com ele? Caramba, por que tenho que ser tão relapso para lembrar da cara dos outros? O certo seria já mandar um "não lembro do senhor" na cara. Mas quis ser educado.
- Meu pai tá bem... E o senhor?
Aí veio o golpe.
- Então, tô bem. Minha mulher é que não tá. Ficou internada aí no Hospital Evangélico. Tá de alta agora, mas preciso de cinquenta reais para comprar uma marmita para ela e uns remédios. Vai sair do hospital com fome. Arruma cinquenta aí para mim.
Fiquei sem reação, olhei para a cara dele e soltei um sorriso do tipo já te manjei. Percebendo que eu saquei o golpe, o sujeito saiu com passo apressado. Ainda gritei um "volta aqui, amigão, vamos conversar". Mas o homem virou fumaça.