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Uma história de amor com a gramática

14 fev 2014 às 17:07

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Numa sala do segundo piso do bloco administrativo do Centro de Ciências Humanas (CCH) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), tem gente de plantão para casos de emergência.

Não são médicos, enfermeiros, nem bombeiros. São professores do Departamento de Letras Clássicas, prontos para tirar dúvidas de desesperados que precisam escrever algo dentro das normas cultas da Língua Portuguesa.

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Estamos falando do pessoal do Disque-Gramática, serviço que a UEL mantém há 18 anos; graças à perseverança do professor Joaquim Carvalho da Silva, que desde o começo atende aos telefonemas dos escribas.

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Com voz grave e aparentando ser mais jovem do que seus oitenta anos; pessoalmente o professor Joaquim tem um papo muito agradável; embora, por telefone, pareça ser um sujeito bravo. Deve ser culpa do vozeirão.

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Ex-aluno da Faculdade de Filosofia, um dos núcleos que deram origem à UEL, ele conta que participou do "parto" da Universidade. Desde então, sempre esteve presente por ali, tornando-se docente.


E foi da onipresença do professor que nasceu o Disque-Gramática. "O pessoal que tinha dúvidas gramaticais ligava para a UEL. Como eu estava sempre por aqui, me chamavam. Sugeri que fizéssemos um plantão", conta.

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Atualmente, o serviço funciona também por e-mail, mas o telefone ainda responde por metade da demanda. De 15 a 20 pessoas fazem contato por dia.


"Tem gente que liga do Pará, do Ceará, de vários lugares do País. As pessoas nos acham pela Internet", comenta a professora Maria Isabel Borges, responsável, junto do professor Joaquim, por manter o serviço funcionando.

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Nem todos que ligam ou mandam e-mail se identificam, mas entre aqueles que estendem a conversa além da dúvida, contando quem são e de onde falam ou escrevem, há médicos, profissionais que trabalham com letreiros de propaganda, imobiliaristas, professores, estudantes, revisores e – os mais desesperados de todos por conta dos horários de fechamento das redações – jornalistas.


"Há também os candidatos de concursos públicos que querem entrar com recursos. Esses chegam a vir até aqui, aflitos. A anulação de uma questão pode ser a diferença entre conseguirem a vaga ou vê-la escapar", comenta o professor.

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Segundo a professora Maria Isabel, as dúvidas mais comuns dos dias atuais são os hifens, que geram muita confusão depois da última reforma ortográfica, e o uso da crase, o acento grave (`).


Sobre as surras que a gramática leva em tempos de redes sociais, o professor Joaquim não se mostra preocupado. "A gramática não é algo fechado. Vejo vários comerciais que rasgam a gramática, mas se o texto for colocado na forma correta, derruba-se o marketing. Por isso, sempre analisamos os níveis de linguagem."

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Contudo, ele concorda que as tais redes tomam tempo demais das pessoas.


Joaquim e Maria Isabel andam pensando no futuro do Disque-Gramática. Eles também têm de dar aulas e não podem ficar o tempo todo no plantão. Faltam alunos que possam se encarregar de sanar as dúvidas. Talvez façam mudanças no horário de atendimento. Ainda não sabem como será em 2015.

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O fato é que, sem o Disque-Gramática, certamente letreiros, anúncios publicitários e até receitas médicas que circulam por aí teriam ainda mais erros.


Um serviço assim serve para auxiliar a quem ainda sem interessa por escrever bem. Que ele tenha vida longa. E advogo em causa própria, pois sou usuário.


Serviço: o Disque-Gramática atende pelo telefone 43 3371-4619, todos os dias úteis das 14h às 18h. Às quartas e quintas-feiras, há atendimento das 10h às 12h.
O e-mail é [email protected]

Na foto, os professores Maria Isabel Borges e Joaquim Carvalho da Silva.


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