O setor de transporte de cargas prevê que sofrerá um colapso semelhante ao que aconteceu com o apagão, no setor elétrico nacional. Se nada for feito, em cinco anos deverá faltar caminhões para o transporte de cargas em todo o País, afirmou ontem Ricardo Mac Donald, superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Setcepar).
O Setcepar é uma das entidades que está promovendo a I Expotran, Feira de Transporte de Cargas e Passageiros do Paraná e Sul do País, no Expotrade de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. "As tendências do transporte de cargas" foi o tema que dominou o encontro, além dos lançamentos de veículos. Uma das novidades lançadas foi um ônibus híbrido, com motor movido à gasolina e à eletricidade.
Segundo Mac Donald, está havendo um investimento maciço na área de empresas de logística, inclusive multinacionais do setor que estão se instalando no Brasil. Essas empresas estão organizando toda a cadeia de suprimentos para dar suporte ao escoamento da produção das grandes indústrias, mas se esqueceram dos investimentos na área de transportes.
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As empresas não estão preocupadas em investir na renovação da frota. Enquanto isso, estão recorrendo aos serviços das transportadoras, cujos veículos estão sucateados e certamente não darão conta do aumento da demanda previsto com o crescimento das empresas de logística, justificou.
Por outro lado, os transportadores reclamam da falta de um programa de financiamentos para comprar veículos novos, a exemplo do que houve com o Moderfrota, programa federal de financiamento para aquisição de máquinas agrícolas. Se houvesse um programa semelhante, certamente haveria uma renovação da frota de caminhões, a exemplo do investimento que houve com máquinas agrícolas que contribuiu para aumentar a produtividade das lavouras.
De acordo com Mac Donald, a frota brasileira de caminhões está sucateada, com idade média que beira os 18 anos de uso. Para se ter uma idéia, a vida útil de um caminhão nos Estados Unidos é de cinco anos. Segundo o executivo do Setcepar, transportadores e caminhoneiros autônomos estão descapitalizados para investir num veículo de transporte de carga que custa hoje em torno de R$ 220 mil.
A descapitalização do setor vem sendo provocada ao longo dos anos em decorrência do preço dos fretes, considerado muito baixo. Segundo Mac Donald, enquanto no Brasil o custo do frete é de US$ 7 a cada mil toneladas por quilômetro rodado, nos Estados Unidos esse custo é elevado para US$ 18 a cada mil toneladas/km, comparou. Além disso, as montadoras também não produzem o suficiente a ponto de baratear o preço final dos veículos, lamentou.
As seis montadoras de caminhões instaladas no País produzem no máximo 60 mil caminhões por ano, enquanto a frota do País é de 1,3 milhão de veículos. Portanto, ''não é com essa produção que haverá uma renovação da frota''.