Elas estão dominando o mercado. São figuras fáceis em ambientes antes considerados exclusivos dos homens. Em Londrina, uma mulher acaba de quebrar um tabu de 70 anos, tornando-se a primeira instrutora de voo do Aeroclube de Londrina.
Patrícia Dantas, 25 anos, nasceu em Aracaju (SE). Chegou ao Paraná em 2004 para fazer o curso de Ciências Aeronáuticas. Durante a graduação, aliou as aulas na faculdade com o curso de piloto privado do aeroclube. Foi quando começaram os voos. E agora todo o esforço foi recompensado.
Ela é a primeira instrutora de voo formada pelo aeroclube local na história. Para Patrícia, o pioneirismo é motivo de orgulho, mas representa também muita responsabilidade. E, por isso, já prevê que muitas cobranças virão. ''Procuro sempre estar atualizada, para ensinar bem'', ressalta.
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No início a família da jovem sergipana teve receio, mas deu total apoio. ''Minha mãe era um pouco mais medrosa que meu pai, mesmo assim sempre me apoiou. Hoje eles estão felizes e sentem orgulho'', comemora. ''Teve épocas que passei por dificuldades tanto financeiras quanto emocionais, mas o carinho deles foi o que me ajudou a estar aqui até hoje'', destaca.
Para Patrícia, a aviação é um prazer. ''Não há nada igual. Se você nasceu para voar, você terá de voar a vida inteira. É maravilhoso.'' Mas ela adverte que para que o sonho não se transforme em pesadelo, a segurança deve vir em primeiro lugar. ''A atenção deve estar em tudo e em todos em sua volta. A aeronave estando no ar ou não.''
A jovem instrutora pretende seguir carreira na aviação civil. ''O aeroclube é um degrau para a linha aérea. Quando ensinamos, aprendemos mais e adquirimos experiência, principalmente em lidar com pessoas'', define. ''Vou tentar um táxi aéreo ou uma aeronave maior.'' O foco de Patrícia agora é a carreira. Namoro, tudo bem. Mas casamento, só após estabilidade financeira.
O fato de ser a única mulher no quadro de instrutores do aeroclube não representou nenhum privilégio para Patrícia. Ela é responsável por retirar o avião do hangar, preparar a linha e a escala do voo, abastecer a aeronave. ''Ela faz todos os procedimentos que nós fazemos. Achávamos que, por ser mulher, ia ter alguns melindres, e que até se negaria a fazer o que tem feito, o que não acontece'', afirma Sergio Violato.
Já o aluno Diego Ferreira Costa conta que no dia que chegou para fazer aulas e viu uma mulher no hangar, achou que fosse uma colega de sala. ''Nunca tinha visto uma instrutora e isso me surpreendeu. O conhecimento é o mesmo, a forma de explicar também. O que muda é só a voz'', diz.