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Agressões verbais

Após novo ataque à imprensa, Comissão de Mulheres repudia agressões de Boca Aberta

Rafael Machado - Grupo Folha
26 fev 2020 às 19:29
- Luis Macedo/Câmara dos Deputados
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O Sindijor Norte PR (Sindicato dos Jornalistas de Londrina e Região) e a Comissão de Mulheres da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) divulgaram uma nota em conjunto nos seus sites oficiais em repúdio ao deputado federal Emerson Petriv (PROS), mais conhecido como Boca Aberta, que teria agredido verbalmente uma repórter de TV de uma emissora de Londrina. De acordo com as entidades, o impasse aconteceu quando a jornalista trabalhava na cobertura de um protesto de mães em Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina), que não estavam contentes com a mudança no intervalo promovidas pela Secretaria Municipal de Educação nas escolas municipais da cidade.

Segundo a nota, "a profissional foi surpreendida por gritos e ataques direcionados a ela. Em frente a outras pessoas, o foco do parlamentar passou a ser a repórter e a forma de constrangê-la". O motivo dos ataques seria por comentários feitos por um apresentador da emissora em uma matéria antiga. A reportagem apurou que o deputado encontrou a equipe ao chegar ao local, mas começou a agredir verbalmente a repórter quando ela estava trabalhando diante do público presente no protesto de mães. Além disso, as agressões foram iniciadas após o parlamentar ligar a câmera de seu programa de TV.

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As entidades apontam que "este não é o primeiro ataque dele (Boca Aberta) à imprensa de Londrina quando a matéria não sai a seu gosto. Ele já chamou outra repórter de mentirosa quando não havia possibilidade de horário para entrada ao vivo, já tentou intimidar outra jornalista com uma ameaça de ação caso não fosse feito o que gostaria.” "Vale ressaltar que a maioria das jornalistas agredidas são mulheres, mostrando o caráter sexista dos ataques", aponta a nota.

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As entidades finalizam o comunicado mostrando que estão "ao lado das profissionais vítimas dos ataques e reafirmam a importância da liberdade de imprensa para a consolidação da democracia.” "Do deputado federal, exigimos respeito, que mantenha o decoro parlamentar onde estiver e que se lembre ser um dever manter os direitos constitucionais de todos. Que sejam sempre garantidos aos jornalistas o direito ao livre exercício da profissão para o cumprimento do dever de informar sem constrangimento", ressalta.

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Procurado pela reportagem para comentar o episódio em que é acusado de agressões verbais contra a jornalista, Boca Aberta respondeu que "quando o fato é relacionado a mim ou a minha família, ninguém mostra nada do que eu faço. Grande parte da imprensa de Londrina não tem vergonha na cara. Isso é uma mentira, um fake news institucionalizado e com CNPJ".


"Questionado novamente sobre o episódio, o deputado prosseguiu criticando o trabalho jornalístico. "Vocês sabiam que eu ganhei direito de resposta contra TVs, rádios e a Folha de Londrina naquele caso que eu estava trabalhando em um jogo do Londrina e que o presidente do Londrina Esporte Clube teria feito um boletim de ocorrência contra mim? 90% da imprensa de Londrina é porca, suja e imunda. E se soltarem mentira, vão responder na Justiça. Soltou fake news, tenho 15 advogados prontos para entrar na Justiça", ameaçou.

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A reportagem insistiu com o parlamentar para dar uma resposta à acusação de agressão verbal, mas o deputado se esquivou. "Tudo o que eu falar, vocês vão distorcer. Fala tudo o que você quiser, mete o pau. Mas eu tô (sic) avisando: toda ação tem uma reação. Não sou um deputado pé-de-rato que a imprensa estava acostumado. Eu sou diferenciado, não tenho apego por mandato e nem pela imprensa. A jornalista ficou nervosa porque eu disse pra ela que 'a teta ia secar' e que 'ela poderia perder o seu emprego'. Sabe por quê? Se a gente chegar lá (Prefeitura de Londrina), eu vou secar o dinheiro que o prefeito distribui para a imprensa londrinense. Secando essa teta, a emissora dela não terá dinheiro para manter o atual quadro de funcionários", ameaçou novamente.


HISTÓRICO

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Segundo uma das integrantes da Comissão de Mulheres da Fenaj Ticianna Mujalli, os ataques a jornalistas são sempre preocupantes e devem ser repudiados. "Temos percebido um ataque mais frequente às mulheres jornalistas. Dadas às proporções, o ataque em Londrina, feito pelo deputado federal Emerson Petriv, demonstra o mesmo foco: desqualificar o trabalho da imprensa, diminuir a apuração que foi feita e tentar levar à opinião pública apenas um lado da situação", avaliou a jornalista.


Para a integrante da comissão, o que o deputado federal fez o tempo todo com a repórter, foi tentar constrangê-la e diminuí-la perto de outras pessoas. "Fatos e atitudes que ele repete desde suas campanhas eleitorais, tanto para vereador, como para deputado federal. De forma irresponsável, essa atitude se aproxima da que o presidente teve, já que o deputado federal Emerson Petriv, não leva em conta o papel dele no processo democrático e de forma leviana tenta colocar sua voz a qualquer custo", pontuou.

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OUTRO CASO


A Fenaj também se manifestou por meio de nota repudiando ao teor do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a repórter Patrícia Campos Mello da Folha de S.Paulo na última semana. Na ocasião, o presidente afirmou: "Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]". Após uma pausa enquanto os demais riam, ele disse: "a qualquer preço contra mim".

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Em seguida ele continua: "Lá em 2018 ele [Hans] já dizia que ele chegava e ia perguntando: 'O Bolsonaro pagou pra você divulgar pelo WhatsApp informações?' E outra, se você fez fake news contra o PT, menos com menos dá mais na matemática, se eu for mentir contra o PT, eu tô falando bem, porque o PT só fez besteira".


A declaração foi uma referência ao depoimento de um ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp, realizado à CPMI das Fake News no Congresso. O depoimento foi de Hans River do Rio Nascimento, que trabalhou para a Yacows, empresa especializada em marketing digital durante a campanha eleitoral em 2018. Na CPMI, conforme a Folha de S.Paulo, "Hans deu informações falsas e insultou Patrícia, uma das autoras da reportagem".

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A Federação junto com sua Comissão Nacional de Mulheres, colocou-se como "incansável na tarefa de denunciar, tão sistemático quanto forem, os absurdos declarados por Jair Bolsonaro". "Dedicamos nossa solidariedade e atuação sindical, seja no campo político ou no jurídico (em fase de encaminhamento), às mulheres desse país, às mulheres jornalistas, às mulheres trabalhadores, na pessoa de Patrícia Campos Mello, na certeza de que não passarão os insultos e ofensas de cunho machista, sexista e misógino. Que nosso grito de repúdio sirva para frear tais comportamentos, vindos de quem quer que seja, sobretudo do mandatário da Nação, que deveria defender toda a população e, sobretudo, as maiorias silenciadas de direitos."


A nota reforça também que "a partir deste episódio, as mulheres jornalistas desse país também foram vítimas de viralização de vídeo, imagens e 'memes' que relacionam a apuração de matérias jornalísticas e a produção de notícias a troca por sexo. Assim, a pouco mais de duas semanas do 8 de março, data emblemática da luta feminista, toda uma categoria profissional é atingida pela violência de gênero".

(Colaborou Fernanda Circhia)


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