O Colégio de Aplicação Pedagógica, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), apura um possível desvio de recursos das doações de pais de alunos, estimado em R$ 30 mil. A servidora, que não teve o nome divulgado, teria feito um cartão bancário para a movimentação desses valores.
Uma reunião foi feita com pais de alunos em 12 de julho para explicar o caso. O desfalque teria ocorrido na conta bancária em que são depositadas as doações feitas no momento da rematrícula dos estudantes, que ocorre entre outubro e novembro de cada ano. O teto da contribuição não ultrapassa 10% do salário mínimo, mas o valor é definido por cada pai. "A última [em 2016] tinha um valor máximo de R$ 70. Tem gente que doa o teto, tem gente que doa R$ 10, R$ 30", explica o primeiro tesoureiro da Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) , Jorge Luiz Rivail de Oliveira.
Segundo ele, os recursos são utilizados para manutenção da escola, a exemplo de reparos de emergência e da compra de suprimentos para merenda ou higiene. "Já compramos ventilador, já trocamos o piso de uma sala toda com isso", afirma. "São coisas para uso da escola em benefício do aluno."
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Oliveira diz que a associação aguarda o levantamento dos possíveis desfalques. A servidora, acrescenta, tinha total confiança da direção e da APMF e apresentava regularmente os saldos da conta, mas não o extrato detalhado. "No dia 4 [de julho], pegamos os extratos e constatamos saques indevidos." Ainda segundo o tesoureiro, havia sempre negativa de entregar o detalhamento da movimentação bancária e houve até mesmo cheque devolvido que não chegou ao conhecimento da direção.
A APMF registrou boletim de ocorrência, que corre no 1º Distrito Policial, para apurar possível estelionato. O delegado Edgar Soriani afirma que a advogada que representa os denunciantes ainda não encaminhou petição com mais informações sobre o caso. "Até o momento, foi noticiado o fato de que teria havido desvio de dinheiro, mas ainda não houve o registro do que ocorreu." Oliveira afirma que a entidade aguarda o fim da investigação interna para, em seguida, encaminhá-la para a delegacia e para o Ministério Público (MP).
O diretor do Colégio Aplicação, Edmilson Lenardão, diz que as suspeitas começaram há cerca de três meses. De acordo com ele, como os recursos são provenientes de doações e não de repasses governamentais, não havia acesso direto à movimentação da conta, dificultando a fiscalização. "Em fundos públicos, como há controle mais rigoroso, não foram encontradas suspeitas de irregularidades."
Lenardão acrescenta ainda que a auditoria interna da UEL vai fazer a verificação das contas. O relatório, se confirmar as irregularidades, será levado para a Polícia Civil e para o Ministério Público. Em âmbito administrativo, se confirmadas as evidências, deve ser aberta uma sindicância, seguida de um processo administrativo disciplinar.
A diretora do Núcleo Regional de Educação (NRE), Lúcia Cortez, explica que o Colégio Aplicação, embora seja estadual e que também tenha servidores da Secretaria Estadual da Educação, é gerido pela UEL e tem servidores de lá. Ela diz que o NRE ainda não foi notificado da ocorrência e que a funcionária suspeita é vinculada à UEL.
A funcionária, que trabalhava no colégio desde 2013, estava afastada por força de licença especial e, em seguida, entrou em férias. O retorno ao trabalho ocorrerá nesta sexta-feira (28), mas ela não deve voltar para o Aplicação devido às suspeitas levantadas – como é funcionária da UEL, deve ser remanejada para outro setor.
O diretor lamenta o episódio ocorrido com o fundo de doações, já que os recursos são usados para melhorias em relação a alunos e a funcionários.