Rapaz de fala serena, jeito tranquilo, Rafael Santos, 24 anos, recupera-se ao lado da família e da namorada do acidente que poderia ter se tornado um dos maiores desastres aéreos da história do Norte do Paraná. Ele era o copiloto do turbohélice King Air C-90 que caiu no Distrito da Warta (Zona Norte de Londrina), na noite de domingo. Sete pessoas estavam a bordo entre tripulação e passageiros. Todos passam bem, apesar da destruição do aparelho.
Nascido em uma família de aviadores - um tio e um primo são pilotos -, Santos conta que desde criança tinha clara a intenção de ganhar a vida cruzando os ares. Quando chegou a hora de ir para a universidade, não teve dúvidas, escolheu Ciências Aeronáuticas. Há um ano conquistou o diploma e começou a trabalhar profissionalmente na aviação comercial.
O rapaz só não imaginava que cedo enfrentaria uma situação tão difícil. Evitando falar em detalhes por conta das investigações das autoridades aeronáuticas ainda em andamento, o copiloto relata que o fato de o avião ser robusto e resistente contribuiu para que todos escapassem com vida, resistindo à queda em uma plantação de soja, depois de o comandante José A Bento, 32, e ele lutarem para evitar impacto brusco contra o solo.
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''Depois de cairmos, só me lembro de ter soltado o cinto e me apressado para abrir a porta e possibilitar que todos saíssem rápido do avião. Em seguida, orientei para que todos se afastassem'', recorda.
A ação de Santos foi precisa. Segundos depois, o aparelho explodiu e o fogo pôde ser visto a distância. Foi um ato de heroísmo? ''Não. O piloto e eu fizemos o que devia ser feito. O pessoal entra ali confiando na gente. Não fizemos mais do que nossa obrigação'', responde, emendando que atribui também a salvação de todos a uma intervenção divina: ''Foi um milagre, com certeza Apesar de o comandante ser excelente profissional, se não fosse Deus eu não estaria aqui'', ressalta o copiloto, que, apesar do susto, não cogita a hipótese de parar de voar. Ele deixou o hospital ontem depois de passar por uma cirurgia plástica de reconstrução do nariz.
Em nota divulgada ontem, o empresário Paulo Horto agradeceu a Deus por ter escapado do acidente e também ao piloto, co-piloto e aos bombeiros. ''Espero honrar esta segunda chance''.
De acordo com o suboficial Amaral, da Força Aérea Brasileira, o grupo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), responsável pelas investigações, não divulga informações sobre o assunto enquanto não forem finalizadas as pesquisas ''. A investigação não tem prazo para ser encerrada''. (Colaborou Michele Aligleri)