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Em Londrina

Crescimento dos moradores de rua mostra vulnerabilidade cada vez mais exposta

Walkiria Vieira/NOSSODIA
12 fev 2018 às 06:57

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- Walkiria Vieira/NOSSODIA
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Um homem deitado no chão, uma mochila com pertences e restos de comida ao lado. Às vezes um cachorro, mais um amontoado de roupa e, para quem observa, a indignação perante à condição em que se encontra um ser humano. Debaixo de marquises, na porta de estabelecimentos comerciais ou instaladas em barracas em pleno centro urbano, pessoas em situação de vulnerabilidade, sem teto e sem ter para onde ir, fazem parte da rotina de muitas cidades no mundo.

Em Londrina, não é diferente e seus habitantes, popularmente conhecidos pela hospitalidade, não tratam a questão de modo banalizado. "Está cada dia pior, diz a dona de casa Clarice Campana, 69 anos. "Chegamos a desviar nas calçadas para não pisar neles e isso não é normal. Não pode ser considerado normal", adverte Clarice. "Aqui em Londrina não tem abrigo ou casa de passagem?", questiona a assistente social Luana Lameira, 29 anos. "Não parece. Isso me preocupa e acredito que só vir aqui e dar alimento não muda nada. É preciso arrumar um lugar para esse pessoa ficar, documentação e a reinserção na sociedade por meio de oportunidades. Mas a sociedade também tem dificuldade em dar oportunidade, a aceitar essas diferenças", observa.

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A reportagem ouviu a assessora técnica-administrativa da Secretaria Municipal de Assistência Social, Priscila Brazão, sobre o tema. Confira:

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O que esta Secretaria tem feito em relação às pessoas em situação de rua?
A Secretaria Municipal de Assistência Social tem intensificado suas ações a partir do Comitê POP Rua e de outras reuniões na perspectiva da construção do Plano Municipal Integrado de Atenção à população em situação de rua de forma articulada com as demais políticas públicas afetadas, tais como: Defesa Social, Educação, Saúde, o Sistema de Justiça, entre outras. Também implantamos o primeiro Serviço de Acolhimento em República e estamos em processo de estruturação de mais duas. Ponderamos ainda a reestruturação dos serviços já implantados como o Serviço de Acolhimento Institucional Adultos, homens e mulheres e casa de passagem, serviço especializado para pessoa em situação de rua, serviço especializado em abordagem social (estes dois últimos instalados no Centro Pop).

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Sobre os que ocupam a Concha, as marquises do Calçadão e vivem até em barracas nas proximidades do Teatro Ouro Verde, o que pode ser feito?
Estão sendo realizadas, pelo Serviço de Abordagem Social, abordagens diárias, tanto as programadas (realizadas em conjunto com o consultório de rua da Autarquia Municipal de Saúde) quanto às solicitadas pela população, com o escopo de realizar a identificação e ofertar alguns serviços como higiene, alimentação e até mesmo acolhimento. O aludido serviço trabalha na sensibilização das pessoas em situação de rua visando sua reinserção social por meio dos serviços oferecidos pela Secretaria. Salientamos o trabalho integrado entre os órgãos públicos, a saber: da CMTU, Secretaria Municipal de Defesa Social, Secretaria Municipal de Educação, Autarquia Municipal Saúde e Secretaria Municipal de Trabalho Emprego e Renda.


A permanência fixa deles é legal?
O que nos compete é construir vínculos para juntos viabilizarmos as condições para a saída da rua, restabelecendo os vínculos familiares ou auxiliar a organização para a vida independente, quando não há possibilidade de retorno familiar. O objetivo é despertar na pessoa em situação de rua o desejo de sair da desproteção social, seja para retorno familiar, acolhimento institucional ou para vida independente.

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Quantas pessoas são hoje e o perfil?
Hoje, Londrina possui aproximadamente 500 pessoas em situação de rua, porém está sendo realizada uma pesquisa, organizada pelo Ministério Público, em conjunto com universidades e a Secretaria de Assistência Social, objetivando identificar o número exato e os perfis, entre outros dados relevantes. São pessoas migrantes, sem residência/domicilio fixo. A predominância maior é de homens, na faixa de idade de 18 a 39 anos. Observamos que a população idosa em situação de rua, embora não seja maioria, tem sido significativa. Os motivos, especialmente daqueles que estão na região central é a dependência química - a grande maioria não aceita o tratamento.


Do ponto de vista de muitos transeuntes a cidade está abandonada. Como desfazer essa imagem?
Londrina possui aproximadamente 558.439 habitantes, ou seja, o contingente de pessoas em situação de rua não representa sequer 1% da população. Com fulcro nos dados mencionados, ao que nos parece os "muitos transeuntes" estão equivocados em sua análise, visto que Londrina não está abandonada.

Esta gestão tem dados sobre o aumento do número de pessoas em situação de rua? É possível mudar esse quadro? De que maneira?
A pesquisa está sendo articulada e os dados em breve poderão ser disponibilizados. É salutar ressaltar que Londrina não difere do contexto nacional no que tange à população em situação de rua e não há como acabar com a população que vive e sobrevive nas ruas, elas sempre existiram e existirão. É possível mudar esse quadro dando condições para aqueles que desejam superar a situação de rua. As condições são a oferta de serviços como higiene, alimentação e até mesmo acolhimento. A sensibilização das pessoas visando sua reinserção social por meio dos serviços oferecidos pela Secretaria. O trabalho integrado entre os órgãos públicos, a saber: da CMTU, Secretaria Municipal de Defesa Social, Secretaria Municipal de Educação, Autarquia Municipal Saúde e Secretaria Municipal de Trabalho Emprego e Renda é que possibilitará a mudança nesse quadro, inclusive com o apoio da população.


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