Desde o último domingo, os ônibus de oito linhas da Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL) estão circulando sem cobrador. Segundo a empresa, o novo método, em que os motoristas passam a ser os responsáveis pela cobrança das passagens, é um teste que atende a uma ''reestruturação operacional''. Os oito ônibus cumprem as chamadas linhas alimentadoras, ou seja, fazem percursos curtos entre bairros e voltam sempre a terminais regionais. Todos operam na zona norte. A idéia não agrada os usuários.
''Quando o motorista tem que cobrar passagem, fica com uma preocupação a mais. A insegurança aumenta, porque ele fica com o dinheiro nas mãos, nos bolsos, é mais fácil de ser assaltado'', critica a professora Claudete de Oliveira, moradora do Jardim Paraíso.
''Além disso, como os motoristas têm que conferir o diário de bordo e o dinheiro, acabam se atrasando. Utilizo todos os dias o 404, e o ônibus passou a atrasar uns cinco minutos. Quando começarem as aulas, devem atrasar dez minutos'', acrescentou Claudete. ''Todo dia de manhãzinha o 400 está atrasando'', faz coro a auxiliar de cozinha Simone Santos Rodrigues.
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O gerente de tráfego da TCGL, Daniel Martins, argumenta que as linhas possuem poucos passageiros, ''com um número muito baixo de usuários por volta, exceto nos horários de rush, quando seguem circulando com motorista e cobrador''. Ele refutou os comentários de que a mudança tem o objetivo de demitir cobradores. ''Os cobradores (que não circulam mais nestes ônibus) seriam alocados em outras linhas, numa nova tabela. Talvez coloquemos um ônibus menor para atender estes trajetos'', afirma.
Martins explica que a empresa decidiu realizar a experiência após um estudo que apontou que linhas como 400 (Parigot de Souza) e 403 (Ruy Virmond Carnascialli) rodavam com apenas três passageiros em média durante os dias da semana. O teste será realizado a princípio por duas semanas, mas a TCGL não descarta uma prorrogação deste prazo.
Martins diz que o ''nível de satisfação'' dos usuários está sendo garantido, e que problemas são comuns no começo. ''Estes atrasos no início são naturais. Agora, para agilizar, os usuários poderiam colaborar trazendo sempre dinheiro trocado e passes. Também não acho que haja grande problema de segurança, estas linhas têm pouca demanda e poucos assaltos'', afirma.
Os motoristas das linhas que agora operam sem cobrador conversaram nesta quinta-feira com a reportagem, mas não autorizaram que seus depoimentos fossem publicados. Eles temem represálias da administração da TCGL.
*Leia mais na edição desta sexta-feira da Folha de Londrina