Um é moreno, tem estatura mediana, cabelos grisalhos, aparenta 45 anos. O outro, da mesma faixa etária, é um pouco mais alto, de barba e cavanhaque. Ambos com boa aparência, bem vestidos, com facilidade de comunicação.
Estes dois homens estão aplicando, juntos ou separados, um golpe em moradores de bairros da área central e da zona leste. Eles se dizem pai de uma criança internada em estado grave no Pronto Atendimento Infantil (PAI) - com câncer nos olhos - e que precisa de recursos para uma transferência para a capital paulista. A dupla estabelece o valor do donativo em R$ 10,00.
O PAI, localizado no centro, realiza apenas atendimento ambulatorial. O paciente fica, no máximo, 12 horas em observação. Em caso de necessidade de internamento, é feita a transferência para um dos hospitais da cidade.
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De acordo com testemunhas, a dupla de golpistas já foi vista na Vila Recreio, Vila Nova (área central), no Jardim Califórnia e no Aeroporto (zona leste). A princípio, começaram usando como subterfúgio a venda de uma cartela de um bingo, que seria realizado, de acordo com os golpistas, no domingo passado (dois dias depois), no Estádio do Café.
Moradoras da Rua São Vicente desconfiaram da informação e foram consultar o PAI. ''A partir daí, recebemos outras denúncias com as mesmas características'', conta a ouvidora da unidade de saúde, Rosângela Campiolo.
A dupla passou, então, a pedir diretamente de porta em porta. Para dar mais verossimilhança ao golpe, usavam crachás com o logotipo do PAI.
Segundo a atendente de enfermagem Maria Helena Reali, 63 anos - uma das ''quase-vítimas'' mais recentes - a dupla esteve no portão de sua casa no início da tarde desta quinta-feira.
''Eram muito gentis e educados, mas se recusaram a virar o crachá e deram algumas informações erradas sobre a área de saúde, que eu conheço muito bem. Pelo sotaque, pareciam da região'', disse a aposentada, que se locomove com dificuldade devido a problemas de saúde. Depois que se recusou a doar o dinheiro, ela entrou em contato com o PAI.
Na segunda-feira, a PM abordou dois suspeitos no Aeroporto. Eles disseram que estavam a serviço de um certo Projeto de Apoio Integral, de responsabilidade de ''uma igreja evangélica de Cambé''. Sem o flagrante, eles foram liberados.
Além da descrição física de ambos, a polícia tem poucas pistas. Uma delas é a identificação das placas de um dos dois carros que foram vistos próximos dos estelionatários: um Gol branco AHC 4595 (não se tem informação sobre o município). O outro carro usado pela dupla seria um Chevette marrom.