Os pais do deficiente visual e mental Anderson Amaurílio da Silva, 21 anos, falecido no dia 24 de junho, prestaram depoimento nesta segunda-feira ao delegado do 1º Distrito Policial (DP), Marcos Belinati, que está investigando o acidente que resultou na morte do rapaz.
Anderson foi atropelado no dia 13 de junho, no Terminal Urbano de Transporte Coletivo, por um ônibus da Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL), durante um protesto contra o aumento da tarifa.
Apesar de terem mantido contato com a vítima durante os 11 dias em que permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Casa, todos afirmaram desconhecer a versão oficial de Anderson. ''Ele estava entubado e não conseguia falar nada pra gente'', comentou dona de casa Creuza Aparecida da Silva, 47, mãe do rapaz.
Leia mais:
Após reforma e ampliação, Londrina entrega Escola Municipal na Zona Norte
Receita Federal retém R$ 3 milhões em produtos nos Correios de Londrina
Londrina EC marca jogo contra o Maringá em Alvorada do Sul
"Senhor dos Anéis": novo filme em animação da franquia estreia em Londrina
O delegado do 1º DP confirmou não ter obtido ''informações novas'' com a família, mas destacou que as investigações continuam adiantadas. ''Vamos ouvir um estudante que foi reconhecido durante o quebra-quebra dentro do terminal. Também pretendemos ouvir o médico que atendeu Anderson no hospital'', afirmou Belinati, destacando que o depoimento do estudante está marcado para esta quarta-feira.
O delegado informou à tarde que investigadores estão procurando intimar para depor uma estudante de ensino médio que no dia 13 teria sido apontada por outros alunos como uma das líderes da manifestação.
Bastante abatido, o pai de Anderson, Antonio Albino Cardoso, 57, preferiu não comentar nada sobre o caso, mas deixou claro a decepção com a triste coincidência que envolveu a morte do filho: antes de trabalhar como taxista, Cardoso começou a vida profissional como motorista de ônibus.
O irmão da vítima, Cleber Márcio da Silva, 24, também preferiu ficar em silêncio. Ele apenas relembrou o terreno comprado em parceria com Anderson no Jardim Paris (zona norte), onde pretendiam construir suas casas.
O advogado Dimas José de Oliveira, que acompanhou a família durante o depoimento, informou que está preparando uma ação contra a TCGL por danos morais e materiais. Por ser deficiente, Anderson recebia benefícios da Previdência Social, aposentadoria que não pode ser repassada para os familiares. Pela lei, a ação por danos materiais leva em conta a expectativa de vida do brasileiro, que é de 75 anos. A ação se baseará na diferença entre a idade da vítima e seu potencial produtivo, que é de 54 anos (ou 648 salários mínimos mensais).
Tanto o advogado quanto o delegado do 1º DP dependem dos resultados de laudos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística (IC) para darem andamento ao caso.
A assessoria de imprensa da TCGL informou que a direção da empresa não tinha conhecimento da intenção da família ingressar com uma ação judicial por danos morais e materiais. A assessoria acrescentou que, se isso realmente ocorrer, o departamento jurídico da empresa estará apresentando sua defesa.