Muitos que caminharam por Londrina na última semana interromperam os passos para fotografar o florescer dos ipês brancos. Não foi diferente com a jornalista Janaína Ávila, que, acostumada a andar pelo centro da cidade com a companheira de estimação Odara, preencheu seu Instagram com o registro das árvores.
Confinada em casa há um ano e meio devido à pandemia, a comunicadora reconhece que a florada foi especial neste ano. "A mudança mais significativa, na minha opinião, é o convite da natureza a olharmos para a imensidão do céu que emoldura o ipê florido, como se dissesse: 'lembra? tem vida e beleza além dessa telinha que você olha o dia inteiro!", diz.
Cristiano Medri, professor do departamento de Biologia Animal e Vegetal da UEL (Universidade Estadual de Londrina), explica que as plantas manifestam diferentes etapas do ciclo vegetal de acordo com as épocas do ano. O ipê branco, cujo nome científico é tabebuia roseoalba, perde suas folhas ao longo do outono e inverno. Já que, nesta época, as chuvas são escassas e o frio é uma ameaça, as espécies desintegram as folhagens para economizar água. Com isso, elas também não fazem fotossíntese e usufruem das reservas energéticas para sobreviver.
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Com a aproximação da primavera e afastamento do frio, o ipê branco revela suas flores, constituindo um dos tipos com florescimento mais tardio, bem ao final da estação mais fria do ano. Foi ele que tomou conta das paisagens londrinenses nos últimos dias, mas esta árvore nativa da América do Sul pode variar em dezenas de espécies e cores, como amarelo, vermelho e rosa-choque. Inclusive, espécies distintas podem exibir tons semelhantes, explica o especialista.
Natureza em meio à urbanidade
Nas proximidades do Calçadão de Londrina, as folhas esbranquiçadas tomaram pra si o foco que era dos prédios, carros e lojas. Janaina Ávila pôde contemplar a paisagem ao abrir a janela e capturou o cenário que foi compartilhado em sua rede social. "Queria agradecer a boa alma que um dia decidiu plantar os ipês aqui na frente", escreveu na legenda da publicação.
Medri dá boas notícias para quem se interessou em ter um exemplar na frente da residência. Além da estética chamativa, a árvore não atinge grandes tamanhos, podendo ser cultivada em locais com fiação, e nem produz raízes agressivas que danifiquem calçadas e construções. O proprietário não precisará varrer as folhas o ano todo, já que elas caem por um curto período, no outono.
Os ipês destacam-se por sua beleza, mas Ávila reflete sobre a perda da área verde de Londrina. Ela relembra que o calor é consequência direta do desmatamento e frisa que a reversão deste cenário é responsabilidade de todos. "Certamente a gestão ambiental pode melhorar. O plantio e recuperação das nossas áreas verdes é urgente", comenta.
*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.