A Justiça interditou nesta segunda-feira o centro de tratamento para dependentes químicos e alcoolistas mantido pelo Movimento Evangélico da Libertação de Vida (Melvi), sob as alegações de péssimas condições de higiene e ausência de acompanhamento médico.
O presidente da entidade - sediada na Avenida Santa Mônica (Jardim Ideal, zona leste de Londrina), Claudionor Rodrigues, alegou ''falta de recursos'' para manter as instalações e disse que vai recorrer da decisão judicial.
A determinação foi dada pelo juiz da 10ª Vara Cível de Londrina, Mário Nini Azzolini Neto, baseada nas denúncias encaminhadas pelo promotor de Defesa de Saúde Pública, Paulo Cesar Tavares, através de uma ação civil pública.
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Tavares recebeu relatórios da Vigilância Sanitária e da Secretaria Municipal de Ação Social. ''Estivemos aqui no dia 23 de abril, onde encontramos os moradores vivendo em péssimas condições de higiene. Havia acúmulo de lixo na área externa, quartos e banheiros sujos, alimentos mal conservados e até fezes de ratos e baratas na cozinha'', detalhou o gerente da Vigilância Sanitária, Marcelo Viana de Castro, que acompanhou a interdição.
Para a assistente social do Ministério Público (MP), Maria Giselda de Lima, as condições sanitárias e a ausência de profissionais de saúde reforçaram a decisão do juiz. ''Os internos não têm tratamento médico e psicopedagógico. Eles simplesmente lêem a Bíblia. Retiramos um homem que apresentava úlceras nas pernas e que havia emagrecido oito quilos em quatro meses'', disse Maria Giselda.
Os 22 internos do Melvi foram retirados durante a manhã desta segunda e encaminhados à sede do Sinal Verde, projeto que atende moradores de rua em Londrina. Eles foram alimentados e passaram por entrevista para saber qual destino de cada um dos dependentes.
''Eles decidirão se querem ser encaminhados para junto da família, para outras entidades ou ainda para as cidades de origem, caso haja alguém de fora. Ninguém vai ficar desamparado'', reforçou a assistente social.
A entidade teve o convênio com a prefeitura cancelado este ano e, segundo Claudionor Rodrigues, o local estava sendo mantido por meio de doações da comunidade. ''Estamos funcionando aqui há 16 anos e trabalhamos muito para conseguir R$ 2 mil mensais, dinheiro insuficiente para manter a casa. Gasto R$ 1 mil somente com alimentação'', argumentou Rodrigues.
Segundo a determinação do juiz, a entidade tem 15 dias para contestar a interdição. Durante este período, a casa permanecerá fechada. Segundo a equipe da Vigilância Sanitária, o Melvi não tem alvará de funcionamento.