Nova manifestação contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em Londrina começou por volta das 17h desta quarta-feira (15), em frente ao Teatro Ouro Verde, no Calçadão. Desta vez, a concentração reuniu menos manifestantes que no dia 7 de janeiro, quando pelo menos 150 pessoas saíram dali em direção ao Terminal Urbano.
Parte de um grupo tentou pular as catracas da entrada pela Avenida São Paulo, mas foi impedida por seguranças privados. Em seguida, eles se dirigiram à entrada dos ônibus na esquina da Avenida Leste-Oeste com João Cândido. Agentes da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) tentaram organizar o trânsito no local, mas a Leste-Oeste foi fechada pelo aglomerado de manifestantes.
Às 18h40, o grupo que se concentrou no Calçadão ganhou corpo e desceu a Rua Sergipe rumo ao terminal. Não houve registro de qualquer episódio de violência ou vandalismo durante o percurso. Quando os manifestantes chegaram ao local, nenhum ônibus foi encontrado. O itinerário dos coletivos foi alterado para evitar eventuais depredações. A circulação seguia normal, mas os veículos não paravam no terminal, que às 19h estava praticamente vazio. Às 20h15, os veículos voltaram a trafegar normalmente pela Leste-Oeste, informou a Polícia Militar.
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Atos de vandalismo
Um grupo isolado pichou o Restaurante Popular, localizado na esquina entre a Rua Professor João Cândido e a Avenida Leste-Oeste. Outros manifestantes apedrejaram o carro de uma equipe de reportagem na Praça Rocha Pombo - um foi preso. Na Rua Guaporé, mais dois foram detidos por atos de vandalismo. O trio foi encaminhado à triagem da 10ª Subdivisão Policial. Também houve um desentendimento entre integrantes do protesto e um cinegrafista, mas ninguém foi agredido.
Movimento Passe Livre
Antes, às 18h desta quarta, o grupo diante do Ouro Verde era composto por aproximadamente 40 pessoas, majoritariamente membros do Movimento Passe Livre, que se valeu de uma porta-voz para falar com a imprensa. A tarefa coube à estudante Maíra Vieira.
"Depois da repressão da última semana, o comitê [Passe Livre] viu a necessidade de manter a mobilização na rua. Queremos dialogar com o poder público para impedir o aumento", afirmou. A representante tachou a subida do preço, que na virada do ano passou de R$ 2,30 para R$ 2,65, de "ataque à população". "Nós, estudantes e trabalhadores, não aguentamos mais trabalhar tanto e ter que pagar tanto. Não aguentamos mais."
A estudante também atacou o posicionamento do Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo de Londrina (Metrolon), que na última semana divulgou nota dizendo que os prejuízos causados pelos atos de vandalismo seriam contabilizados e cobrados da população na próxima planinha de custos, a ser discutida em 2015. "A mobilização vai se fortalecer nos próximos dias, se precisar marcamos novo protesto para amanhã ou depois. É só o começo", disse.
Sobre as depredações, Maíra afirmou que tratavam-se de atos isolados, que foram e continuam sendo desaconselhados pela direção do movimento. "Mas contra qualquer ação existe uma reação. Houve repressão e respostas individuais. Mesmo assim, se alguém voltar a ser preso, o movimento vai ajudar, vai pagar advogado se for preciso", enfatizou. "A organização não tem domínio sobre todo ato."
Questionada se seria possível reverter o aumento em Londrina, ela se espelhou nos protestos de junho de 2013 ocorridos nas grandes cidades do País, sobretudo em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, onde a anunciada elevação da tarifa foi abortada após as movimentações populares.
Uma das faixas expostas pelo Movimento Passe Livre recordava a morte do estudante Anderson Amaurílio da Silva, que ocorreu durante um protesto semelhante no dia 13 de junho de 2003. Ele foi atropelado por um ônibus no interior do Terminal Urbano.
(com informações do repórter Celso Felizardo, da Folha de Londrina)