"É sempre o centro primeiro, os bairros ficam por último." A queixa da dona de casa Patricia Aparecida em relação ao serviço de recapeamento asfáltico que a Prefeitura de Londrina está realizando nas principais ruas do anel central tem milhares de adeptos espalhados por todos os cantos da cidade. Ela mora na Rua Darcírio Egger, no Jardim Shangri-lá B, onde os buracos são tão famosos quanto diversificados. Tem para todos os tamanhos. O presidente da associação dos moradores do bairro, professor Lidmar José Araújo, de 48 anos, chegou a mostrar à reportagem a cópia de um protocolo de solicitação de recapeamento asfáltico feito por ele diretamente na Secretaria Municipal de Obras há exatos dez anos. A resposta jamais chegou.
"Eu moro aqui há 38 anos e nunca vi essa rua com asfalto novo. A gente está tão ansioso por um que quando chove pensa que a água nos buracos é o piche", brincou. E ontem choveu, para desconsolo dos paroquianos que ainda frequentam a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, cuja entrada é pela Darcírio Egger. "Muitas senhoras deixaram de ir à igreja por causa dos buracos. Elas têm medo de cair", afirmou a comerciante Alessandra Medeiros, há 30 anos no Shangri-lá B.
Na rua de baixo, a Dionisio Kloster Sampaio, a moradora Bernardete Correia Oliveira contou que os vizinhos costumam tapar os buracos com restos de entulho para evitar o pior. É que lá passam diariamente duas linhas de ônibus. "Mas não adianta nada", observou.
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No outro lado da cidade, o mototaxista Antonio Ferreira Couto, de 49 anos, reclamava da buraqueira no trecho da Avenida do Café, no Bairro Aeroporto (zona leste), onde estão instalados os prédios da Justiça Federal e da Justiça do Trabalho. Se bem que ali, segundo ele, "se for comparar com outros lugares, coisa está até boa." Há 14 anos rodando por todos os pontos da cidade, Couto disse que há rua que já nem tem mais asfalto, só pedra. "Rapaz, é um desgaste físico e mecânico, porque o que a gente gasta com manutenção... Sem contar o capote, que desgasta até o nosso coro", relatou. A situação é pior à noite. "Quando você cai no buraco, com o peso do carona, quando a roda não rasga, entorta", contou. O mototaxista apontou a Rua Lindalva da Silva Basseto, no Jardim Alto da Boa Vista (zona norte), como outro exemplo, ou melhor, um mau exemplo do estado precário das vias periféricas.
Segundo o secretário municipal de Obras, Walmir Matos, os recursos que estão sendo empregados agora no recapeamento asfáltico iniciado neste mês em algumas ruas do centro, algo em torno de R$ 500 mil, são insuficientes para fazer o serviço em toda a cidade, daí a prioridade para as áreas de maior tráfego, como no anel central. Uma lógica que nem os próprios comerciantes da área entendem. "O centro não precisa tanto desse serviço como os bairros. Eu moro no Lindoia (zona leste) e lá as ruas estão horríveis. A Prefeitura deveria olhar mais para os bairros", cobrou Wagner Shiga, dono de um estacionamento na Rua Mato Grosso, próximo à Pará, onde o recape também foi feito.