A La Meuse 101, locomotiva que gerou grande comoção e polêmica em Londrina após a ameaça de ser levada para a capital paranaense, terá seu destino solucionado na semana que vem. Tudo indica, entretanto, que a manobreira belga de 110 anos deve mesmo ser levada para Curitiba, como requisitou inicialmente o Instituto Brasileiro de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em troca, uma locomotiva mais nova deve ser cedida para Londrina. A proposta foi apresentada hoje à tarde durante reunião com as entidades locais e a Associação Brasileira de Patrimônio Ferroviário (ABPF).
De acordo com Regina Alegro, diretora do Museu Histórico de Londrina, o Iphan e a ABPF apresentaram propostas "interessantes" e viáveis ao município. Antes de tudo, garantiram a permanência da locomotiva Baldwin 840, restaurada e exposta no pátio do museu desde o ano passado. "Em troca da La Meuse, ficaríamos com outra locomotiva mais jovem que, inclusive, poderia circular no pátio da instituição. Além disso, propuseram a ampliação do nosso acervo histórico, com coleção de peças sobre ferrovias, e um vagão que pode ser utilizado como biblioteca. Também há a possibilidade da realização de um seminário na cidade sobre o tema e suporte para usar os troles para fins recreativos e culturais", revela em entrevista ao Portal Bonde.
A diretoria do museu, por sua vez, defendeu a manutenção da manobreira e criação de um circuito turístico-cultural nos antigos armazéns do Instituto Brasileiro de Café (IBC), cujo prédio já foi cedido à Universidade Estadual de Londrina (UEL). "Lá, organizaríamos um memorial do café, onde a locomotiva poderia transitar no decorrer de 500 metros", diz. "Vale lembrar que a máquina belga integra o projeto arquitetônico inicial do Pronto Atendimento Infantil (PAI). De fato, se a proposta da Iphan for aprovada, haverá um vácuo".
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Apesar do desejo de permanecer com a relíquia, Regina reconhece que o município tem sérias "limitações" no que diz respeito à manutenção e operação da máquina. "É uma locomotiva a vapor que exige um cuidado muito particular. A nova manobreira que eles oferecem facilitaria bastante a operação, tendo em vista que a parceria com a ABPF poderia não só permitir os passeios turísticos, como o desenvolvimento de estudos, técnicas e enriquecimento do acervo. São possibilidades muito enriquecedoras quando se trata de patrimônio", pontua. "A La Meuse é única e representa uma experiência em nossa cidade, mas é fundamental no projeto desenvolvido em Curitiba", pondera.
Ainda de acordo com ela, a ameaça de despedida do equipamento provocou grande sentimento de perda entre a classe cultural. "As pessoas envolvidas com se sentiram desestimuladas. Porém, as entidades respondem a boa parte de nossas preocupações quando oferecem possibilidades de continuar trabalhando e estudando sobre o tema".
Uma nova reunião será realizada na próxima semana, em data ainda a ser definida, para retomada da discussão e possível definição do assunto. "Vamos ouvir a todos e optar pela melhor escolha. Se a La Meuse for embora, não considero uma perda irreparável, desde que tenhamos condições de continuar estudando o patrimônio histórico", finaliza.